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Domingo, Outubro 6, 2024
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Centros tecnológicos especializados traduzem aposta na “inovação” e na “sustentabilidade”

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O concelho de Arcos de Valdevez, em poucos meses, ganhou financiamento para criar três centros tecnológicos especializados (CTE): dois na área de Informática (EPRALIMA e Agrupamento de Escolas de Valdevez, AEV) e um terceiro em matéria de Energias Renováveis (AEV). Para os promotores, as candidaturas aprovadas pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) permitem: “investir no desenvolvimento de qualificações/competências para a inovação”; “melhorar a articulação vertical entre os vários níveis de educação e formação profissional”; e “contribuir para a aprendizagem ao longo da vida”.

A oferta dos CTE responde, de algum modo, ao diagnóstico feito, em tempos, pela Agência Nacional para a Qualificação que, no estudo “Avaliação Externa do Impacto da Expansão dos Cursos Profissionais no Sistema Nacional de Qualificações”, apresentava o território de Arcos de Valdevez como tendo uma “adequação negativa dos cursos/áreas formativas às necessidades do tecido empresarial, nomeadamente quanto ao padrão de recursos/atividades potenciais e ao perfil de especialização atual”.

Nesse estudo era sugerida uma “abordagem proativa da estrutura da oferta, potenciando complementaridades”, para “aumentar a capacidade de atração de novos investimentos”, por um lado, e “renovar os fatores de competitividade (design, marketing, inovação…)”, por outro.

A intervenção estratégica passa a estar centrada no “envolvimento dos parceiros empregadores (públicos e privados), na dinamização da oferta, na interface com oportunidades económicas e do emprego”. Nesta lógica, além da especialização da oferta, outro fator que está a ser privilegiado na definição dos cursos a disponibilizar reside na aposta em áreas de formação fundamentais para o desenvolvimento económico da região em termos de sustentabilidade e novas tecnologias. 

Neste quadro, os fundos do PRR permitirão o investimento em equipamentos sofisticados nas áreas de Informática e de Energias Renováveis, mas, apesar disso, o concelho de Arcos de Valdevez confrontar-se-á com um grande tipo de condicionalismo: a escassez de alunos, facto que impede a abertura de um leque diversificado de cursos.

Ainda assim, e dentro das vantagens que os CTE possibilitam, as instituições de ensino de Arcos de Valdevez reforçam uma aposta na formação técnico-profissional mais especializada, fazendo disso uma prioridade nas áreas da informática e das energias renováveis.

 

Escassa mão-de-obra qualificada em área-chave da economia arcuense

É do entendimento dos responsáveis que gerem a rede de cursos profissionais que “a relevância das especificidades regionais, combinada com as expectativas da procura, constitui um fator decisivo para o eficaz planeamento da oferta”. A este respeito, interessa referir que, a nível regional, há cursos com reduzida procura por parte dos alunos, como os da Restauração, Construção Civil, Hotelaria ou Serralharia, apesar de o mercado estar carenciado de mão-de-obra qualificada nestas áreas. 

Questionado por este jornal sobre o “papel que a numerosa comunidade emigrante pode ter no sentido de mitigar o problema crónico da falta de mão-de-obra qualificada” naquelas áreas, o presidente da Câmara Municipal de Arcos de Valdevez sublinha que “Portugal é, neste momento, um bom sítio para estudar. Temos excelentes universidades que proporcionam formação de exceção. Há vagas para os filhos de emigrantes estudarem em Portugal. Este é um bom veículo para formarmos profissionais qualificados”, considera João Manuel Esteves. 

 

Desalinhamento entre o ensino e o mundo empresarial

Os casos de dissonância entre a procura dos cursos por parte dos alunos e as áreas com maior oferta de emprego neste concelho (restauração, construção…) estão associados, em parte, à desvalorização de certas profissões, ora porque requerem sacrifícios, ora porque são consideradas pouco atrativas. 

A necessidade de recrutar tem levado os setores da restauração (e similares), alojamento turístico e construção deste concelho a recorrerem a mão-de-obra não especializada, sobretudo da América do Sul (Brasil, Venezuela…). “É difícil encontrar pessoas para trabalhar”, lamentam vários empresários dos referidos ramos, uma dificuldade que pode comprometer o crescimento das indústrias do turismo e da construção nos próximos anos, caso não seja resolvido o desfasamento entre a oferta e a procura. 

Um dos principais estrangulamentos do mercado de trabalho prende-se, justamente, com o desalinhamento entre o ensino e o mundo empresarial, para lá da emigração de mão-de-obra por motivo da reduzida competitividade salarial. Este é um fenómeno a que a restauração assiste de perto nos Arcos, onde existe uma grande dificuldade em encontrar trabalhadores, e o mesmo acontece no ramo da construção civil, que carece cada vez mais de profissionais especializados (com formação e/ou experiência). 

Fruto de uma “oferta bastante formatada”, as escolas com ensino profissional que integram a rede de NUT III não podem lecionar, por sua livre vontade, os cursos trienais que, teoricamente, colmatariam as necessidades de mão-de-obra locais, pois estas instituições obedecem a uma oferta formativa integrada, segundo uma listagem nacional com impacto regional”, ressalva o presidente do Município arcuense, que também preside à EPRALIMA.

A.F.B.

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