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Espaço polivalente: Filipe Faro da Costa abriu “pequena livraria” para criar oferta “sociocultural livre e independente”

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Começou a publicar profissionalmente em 2015, mas desde a infância que se deixou enredar pela poesia e pelo teatro (este mais na adolescência). Na escola e em casa, enamorou-se das letras e das línguas. Estudou na Universidade do Minho, deixou de estudar e lá voltou mais tarde para frequentar Línguas Aplicadas. Pelo fio do tempo, passou pelas artes gráficas (para ganhar a vida) e, “numa missão de cidadania”, cumpriu um mandato como deputado na Assembleia Municipal de Arcos de Valdevez, entre 2013 e 2017. No entretanto, e o mais importante de tudo, está a afirmar-se na arte da escrita e da tradução. O protagonista de que se fala é Filipe Faro da Costa. Tem 43 anos e, como tanto gosta de dizer, já “pariu” dezenas de publicações. Possui uma escrita fecunda e despertadora de consciências. “Qualquer coisa serve para escrever ou motivar a escrita, até uma parede branca”, diz o autor, que prefere contos, poesia e novelas aos romances.

Filipe Faro da Costa inaugurou a 8 dezembro de 2023 um escritório de tradução literária e técnica especializada (Inglês, Alemão, Castelhano e Francês) no Largo da Lapa. “Também faço tradução jurídica, médica e documental, bem como apresentações de empresas que se pretendem lançar no mercado nacional ou internacional”.

A sala contém um espaço de livraria. “Neste momento, os livros expostos para venda são os que sobraram da Feira do Livro Independente (LIVRINDIE) realizada no ano findo. Estão aqui títulos de várias editoras participantes. É uma minilivraria, espero que a mesma venha a crescer com o tempo”, refere.

“Depois, tenho a Contra Escrita, mais do que uma editora, é o meu projeto literário. Presentemente, estão aqui apenas alguns exemplares, há títulos que se encontram esgotados ou que se podem comprar apenas em livrarias de Paredes de Coura, Braga, Porto, Lisboa… São livros da minha autoria ou traduções minhas, exceto uma obra que foi traduzida em parceria com Fabiana Ribeiro”. 

No espaço há ainda uma secção dedicada ao marketing, publicidade e design. “É aqui que desenho as capas, elaboro a publicidade dos livros da minha autoria e presto serviços ligados às referidas áreas. Assim, não contrato serviços externos, e dou asas à minha imaginação”, conta. 

Desde que se instalou na Lapa, há dois meses e meio, Filipe Faro da Costa, além de diversos trabalhos de reversão para português, já lançou traduções de títulos de referência: O Sonho de um Homem Ridículo, de Fiódor Dostoiévski; Os Mortos, de James Joyce; e O Papel de Parede Amarelo, de Charlotte Perkins Gilman.

Diz que arrendou o espaço para “conseguir ser mais disciplinado. Assim, é mais fácil separar as várias áreas da minha vida: profissional, familiar e particular. Fruto disso, agora produzo mais de dia”, sustenta.

Mas o espaço está projetado igualmente para outros fins. “Tenho o objetivo de apresentar aqui livros, aliás, o plano inicial era inaugurar este espaço através do lançamento de um livro, mas, como não tenho uma publicação recente da minha autoria, essa ideia ficou adiada. Certo é que o meu próximo livro será aqui apresentado”, adianta Filipe Faro da Costa. Com otimismo, o poeta, tradutor e editor espera que “esta pequena livraria se torne um ponto de partida para que os Arcos tenham uma maior disponibilidade social e cultural, livre e independente, e que estas não dependam só da vertente institucional”. 

Entretanto, a ‘LIVRINDIE’, com o cunho de Filipe Faro da Costa e da Contra Escrita, vai ter continuidade. “A sociedade civil contribuiu para a primeira edição da Feira do Livro Independente, é um dever meu ser consequente. Há investimento feito (material adquirido) para prosseguir a iniciativa e este ano teremos, com certeza, a segunda edição da LIVRINDIE”, garante.

Sobre as eleições legislativas de 10 de março, Filipe Faro da Costa, que encabeçou a lista do Livre pelo círculo de Viana do Castelo em 2022, não se esquiva a dizer o que pensa.  “Ainda não decidi em que partido vou votar, desta vez não serei candidato. A direita e a esquerda estão muito fragmentadas, o que eu acho positivo – está visto que nenhum partido vai ter maioria absoluta. A direita tem muitos problemas, a esquerda tem alguns, mas esta revela, apesar de tudo, mais possibilidades de se coligar. A meu ver, este é o momento decisivo para percebermos se os portugueses vão atrás do populismo barato, corriqueiro e troca-tintas ou se os eleitores realmente se dão ao trabalho de ver a política como uma coisa séria e inteligente”.

A.F.B.

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