Encerrado desde agosto de 2017, o Hotel do Mezio (Casa do Mezio Aromatic&Nature Hotel) “foi adquirido por um investidor”, segundo disse ao NA uma fonte do executivo municipal em resposta a um pedido de esclarecimento.
A mesma fonte acrescenta que, “de acordo com a informação do promotor, está em curso a realização de um projeto de valorização e reabilitação do edifício e do espaço envolvente”. Noutro plano, um representante do investidor já entrou em contacto com o Conselho Diretivo dos Baldios da Freguesia de Soajo manifestando o interesse em regularizar as rendas em atraso.
Como este jornal noticiou em 2023, o Hotel do Mezio foi colocado à venda (leilão online) depois de ter sido declarada a insolvência da empresa Sleepgreen – Turismo de Natureza. O Turismo de Portugal e o Conselho Diretivo dos Baldios da Freguesia de Soajo eram os principais credores das dívidas de massa insolvente.
Inaugurada em julho de 2015, a unidade hoteleira, construída com mais de 3,5 milhões de euros de fundos europeus, até previa a duplicação dos 25 quartos existentes, a construção de duas piscinas exteriores e a ampliação do restaurante, segundo o projeto licenciado pela Câmara em 2016. Mas, apesar das promessas de “expansão” e de “renovação” por parte do promotor, o Hotel do Mezio nunca viu as obras saírem do papel, tendo o imóvel ficado ao abandono de lá para cá. Pelo meio, chegou a ser anunciada a licitação do empreendimento a 21 de maio de 2018, mas tal não aconteceu devido a uma ação que o Conselho Diretivo dos Baldios da Freguesia de Soajo moveu na altura contra o promotor para revogar o contrato, por falta de pagamento das rendas acordadas, facto que ditou o cancelamento, à época, do leilão.
Localizado em Vilar de Suente (Soajo), com vistas panorâmicas para o Parque Nacional (PN), o Hotel do Mezio surgiu como um investimento estratégico, de interesse turístico e económico para a região, mas o que se vê no piso térreo de acesso é uma abundante vegetação espontânea e evidentes sinais de deterioração da infraestrutura.
Nos dois anos em que funcionou, o Hotel do Mezio foi, regularmente, notícia por motivos como a inexistência de uma estação de tratamento, a falta de licença de utilização de recursos hídricos (pelo menos, até junho de 2016) e o despejo de detritos para a encosta contígua, facto que levou cidadãos soajeiros a denunciar a existência de um “atentado ambiental” nas imediações do único PN.
A este respeito, a brigada do Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA/GNR), através do Núcleo de Proteção Ambiental, do Destacamento Territorial de Arcos de Valdevez, em visita ao local confirmou a veracidade das queixas apresentadas em sede de Assembleia de Freguesia de Soajo, em sessão ocorrida a 16 de abril de 2016.
A degradação da unidade hoteleira vai exigir um avultado investimento com vista à sua reabilitação e valorização.
A.F.B.