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Estudo de 2011 a 2022 Apesar de alguns progressos, concelho de Arcos de Valdevez estagnou em indicadores-chave

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A partir de registos estatísticos validados e cruzados, sobre a evolução de Arcos de Valdevez entre 2011 e 2022, o NA retalha a seguir várias áreas-chave que permitem definir o posicionamento do concelho no contexto regional e nacional em setores como a demografia, o nível remuneratório, o poder de compra, a habitação, a economia e o turismo, além dos ramos produtivos ligados à essência da terra. 

Face a 2011, uma das principais variações até 2022 prende-se com a estrutura demográfica: em vez de estancar, acentuou-se a queda populacional; aumentou a prevalência de idosos; e reduziu-se ainda mais o número de crianças e jovens.

A nível de condições de vida, manteve-se praticamente inalterada a diferença remuneratória para o resto do país e, cumulativamente, o índice de poder de compra permanece bastante abaixo da média nacional (e até regional).

No plano das infraestruturas básicas, apesar das obras de expansão, o saneamento e a água da rede ainda não são uma realidade para um grande número de agregados familiares e o seu custo está a aumentar na mesma proporção que baixa a qualidade do serviço.

Ao invés, de especialmente positivo, os dados estatísticos do INE, compilados na base Pordata, mostram que o turismo de Arcos de Valdevez deu um pulo no período em análise. Também os setores produtivos como o vinho e a produção animal subiram bastante na escala de valor.

Por outro lado, em relação à sustentabilidade das contas municipais, a Câmara tem vindo a reduzir consideravelmente a dívida – abatida em mais de 14 milhões de euros desde 2012 –, embora muito à custa de cortes nas transferências para as freguesias, especialmente nos primeiros dois mandatos de João Manuel Esteves.

 

Quebra demográfica sem travão

Em 2022, residiam no concelho de Arcos de Valdevez 20 693 pessoas, menos 3015 em relação a 2011 (ano em que estavam recenseados 22 808 indivíduos). Em somente 11 anos, o território perdeu mais de 9,3% da sua população. A evolução negativa está a repercutir-se, igualmente, no índice de envelhecimento (392 idosos por cada cem jovens).

Fruto do “inverno” demográfico, é muito expressiva a diminuição do número de crianças até aos 14 anos no concelho de Arcos de Valdevez: a representatividade deste grupo etário “caiu” de 11,4% em 2011 para 9,3% em 2022 (variação negativa de 2,1%). 

Também a estrutura familiar mudou drasticamente: menos casamentos, matrimónios mais tardios e menos filhos. E, por motivo da baixa taxa de natalidade, a população escolar matriculada no ensino não superior (pré-escolar, básico e secundário) sofreu um “tombo” – passou de 3775 alunos em 2011 para 2369 em 2022 (apesar de tudo, mais dez estudantes do que em 2021, graças ao aumento do contingente de alunos estrangeiros), o que corresponde a um decréscimo de 37,5%, aproximadamente, em pouco mais de uma década.

 

Imigração com subida ténue

Aumentou a população estrangeira residente nos Arcos entre 2011 (199 indivíduos) e 2022 (393), mas a atual proporção (1,9% em relação ao total de habitantes) está muito aquém da média de Portugal, onde os imigrantes representam 7,5% da população total.

O concelho (tal como o país) precisa de mais estrangeiros, pois estes ajudam a aumentar a produtividade, ocupando, por regra, os trabalhos que os nacionais não querem, além de contribuírem mais para a Segurança Social do que dela beneficiam. 

 

Rendimento per capita muito inferior à média nacional

Na população ativa, mantêm-se bastante acentuadas as diferenças salariais entre arcuenses e restantes trabalhadores nacionais. Segundo os dados relativos a 2019, os trabalhadores por conta de outrem deste concelho ganham em média 892 euros mensais, menos 314 euros do que auferem os portugueses em geral (1206 euros). Recuando até 2011, o ganho médio mensal de um trabalhador arcuense andava pelos 765 euros, enquanto os portugueses fora do concelho levavam para casa 1084 euros por mês (diferença de 319 euros). 

De acordo com os indicadores mais recentes, remontando a 2021, os arcuenses têm apenas 72,8% do poder de compra da média nacional, encontrando-se o concelho dos Arcos inclusive bastante abaixo da média distrital, que se situa nos 82,3%.

 

Muitos alojamentos familiares devolutos

Comparando com os registos de 2011, havia em 2021 nos Arcos mais 2,4% de alojamentos familiares clássicos, tendo o seu número passado de 17 303 (em 2011) para 17 722 (em 2021) – mas em muitos núcleos rurais, dado o acelerado (e imparável) despovoamento, existem muito mais casas do que pessoas. Em Portugal Continental, por seu lado, os edifícios para habitação familiar tiveram um aumento inferior a 2% no mesmo intervalo temporal. 

Quanto ao valor médio de compra e venda de propriedades rústicas e urbanas transacionadas, o valor médio nos Arcos foi de 34 657 euros em 2019 (acima dos 24 927 euros de 2011), enquanto a média nacional se cifrou naquele ano de referência em 112 470 euros (valor superior aos 73 379 euros de 2011). 

 

Setor primário a puxar pela economia

O setor primário teve um crescimento qualitativo em anos recentes. O território vinícola de Arcos de Valdevez está a criar um novo paradigma e a agropecuária tem vindo a aumentar o seu peso na estrutura dos rendimentos familiares.

Através de marcas próprias ou como fornecedores da Barcos Wines (Adega Cooperativa de Ponte da Barca e Arcos de Valdevez), os produtores arcuenses, fruto de fortes investimentos na plantação de novas vinhas, da formação científica e da capacidade de inovação, têm lançado no mercado vinhos de qualidade superior. 

Na agropecuária, nomeadamente na fileira do gado cacheno, o concelho arcuense representa mais de dois terços do efetivo existente na área do Parque Nacional.  

 

Turismo disparou

A crise nos anos que se seguiram à “bolha” imobiliária de 2008 tornou o turismo a “galinha dos ovos de ouro” de Portugal e o Alto Minho não foi exceção.

A nível concelhio, o investimento municipal na promoção turística e o empreendedorismo privado fizeram disparar a visitação. Fruto do aumento da procura, a oferta de camas e de unidades de alojamento nos Arcos rapidamente acompanhou o mercado: de escassas centenas de camas em 2011 para mais de 2 mil em 2022.

Em consequência da maior procura, disparou a receita total dos estabelecimentos hoteleiros de Arcos de Valdevez: de 799 mil euros em 2011 para 3,1 milhões de euros em 2021 (mesmo em ano de crise pandémica) – em 2019, ano pré-pandemia, os proveitos tinham sido de 3,4 milhões de euros.

A.F.B.

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