Nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, a Junta de Prozelo assinalou a efeméride com um programa de iniciativas, tendo como pontos altos a inauguração de um memorial aos antigos combatentes, a condecoração de dois ex-soldados na Guerra do Ultramar e a abertura da exposição “Memórias de combate”.
Depois de celebrada missa na igreja paroquial para homenagear os ex-combatentes de Prozelo, a comitiva rumou ao cemitério da freguesia, onde foi depositada uma coroa de flores no jazigo do militar Severino de Brito Guerra tombado em combate na Guiné-Bissau a 3 de janeiro de 1968, com apenas 22 anos e 11 meses, momento de emoção incontida para a irmã Maria Conceição de Brito Guerra e o cunhado Delfim Pedreira.
Posteriormente, procedeu-se à inauguração no Largo do Coucieiro de um memorial, escultura que, a partir de agora, passa a evocar a participação dos combatentes prozelenses na guerra colonial, alguns dos quais perfilados nesta emotiva cerimónia. O elemento escultórico, com a legenda “À memória dos combatentes de Prozelo na Guerra do Ultramar”, retrata um militar armado nesse período histórico e representa, sem nomear, todos os soldados que arriscaram a vida pela pátria.
Uma vez inaugurada a escultura evocativa dos antigos combatentes nas ex-colónias, com deposição de uma coroa de flores junto ao memorial, na presença de uma coluna de militares (do Regimento de Cavalaria 6), assim como de numeroso público, procedeu-se, de seguida, ao desfiar dos tradicionais discursos da praxe, momento a que se seguiu uma cerimónia militar de homenagem aos mortos sacrificados pelo País, com uma guarda de honra a prestar continência ao tenente-coronel Américo Costa Pereira, tendo por perto representantes dos Núcleos dos Combatentes de Valença, Monção e Ponte de Lima.
“Homenagear os antepassados é assegurar o futuro”
Lembrando “as vítimas de um regime ditatorial opressivo e desumano”, o presidente da Junta de Prozelo sublinhou que “inúmeros foram os ‘filhos da nossa Terra’ que combateram nas ex-colónias sem perceberem a razão de tal desígnio ou o porquê de tão má sorte”.
“Homenagear os nossos antepassados é assegurar o nosso próprio futuro. Evocar aqueles que lutaram por nós, que deram a própria vida, que deixaram para trás familiares, em sofrimento e em ansiedade, pelas notícias e pelo seu regresso, é não só uma obrigação, mas também uma responsabilidade de uma sociedade que não pode – e não deve – fazer cair no esquecimento o sofrimento e a dedicação dos seus antepassados”, defendeu César Pinto.
Em representação da Liga dos Combatentes, Manuel Oliveira Carvalho transmitiu a mensagem que o presidente da Liga dos Combatentes o incumbiu de difundir nesta cerimónia. “O general Joaquim Chito Rodrigues felicita a Junta de Prozelo pela inauguração do monumento aos combatentes da freguesia a lembrar-nos uma inevitabilidade histórica, um dever moral e um imperativo cultural pelo tanto que deram ao País os combatentes desta freguesia, pelo muito que perderam, sofreram e fizeram sofrer familiares e amigos”.
Condecorados dois prozelenses com Medalha Comemorativa das Campanhas
No alinhamento seguinte, na sede da Junta de Freguesia de Prozelo, foram condecorados com Medalha Comemorativa das Campanhas (atribuição das Forças Armadas) o antigo combatente (ex-soldado) José António Fernandes de Sousa (em Moçambique, de 1970 a 1972) e o antigo soldado Manuel dos Santos (na Guiné-Bissau, de 1972 a 1974).
Figura incontornável de Prozelo, o poeta José Terra, perseguido e interrogado pela PIDE, não foi esquecido pela organização do evento, que encorajou uma parelha de crianças a recitar “Triunfo”, poema – premonitório – escrito em 1949.
No remate da jornada evocativa, foi inaugurada a exposição “Memórias de combate”, uma mostra cedida pelo Museu do Combatente.
A.F.B.