Luta “pela escola pública”

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Professores em protesto pela “valorização da carreira” e contra a “precariedade”

Os protestos dos professores estão a alastrar e a vaga de greves “pela dignidade da profissão” e “em defesa da escola pública” está a deixar milhares de alunos sem aulas por Portugal inteiro. No passado dia 18 de janeiro, cerca de 150 professores do Agrupamento de Escolas de Valdevez (AEV), aos quais se associaram muitos alunos, juntaram-se à luta no portão da escola sede e fizeram greve ao primeiro tempo letivo (8.30-9.15). Uma outra manifestação, menos concorrida, ocorreu esta sexta-feira, 20, no AEV.

Com a luta a subir de tom, fonte do Governo revelou à RTP haver abertura da tutela para vincular professores após três contratos completos, tal como no resto da administração pública. Mas, para os vários sindicatos representativos da classe docente, o vínculo ao fim de três contratos não chega e querem mais do Governo, até porque, a título de exemplo, falta esclarecer como vai ser feita a contagem de tempo de serviço ou, noutro plano, como vão ser resolvidos os problemas crónicos da educação.

Além do tempo de serviço por recuperar, bem como do fim das quotas de acesso ao 5.º e 7.º escalões, os professores do AEV levaram para esta ação de luta várias “bandeiras” antigas, nomeadamente a eliminação da precariedade, a criação de um regime especial de aposentação, a abolição do excesso de burocracia, o rejuvenescimento da classe docente e a reivindicação de aumentos salariais, de modo a compensar, pelo menos, a atual vaga inflacionista.

“Pelo ensino público e pelos alunos”, os professores que se concentraram à entrada da Escola Secundária Tomaz de Figueiredo entoaram palavras de ordem como “é greve porque é grave”, “escola unida jamais será vencida”, “fim às quotas”, “avaliação justa”, “ministro, escuta, a escola está em luta” ou “Costa, respeito!”, em referência ao ministro da Educação, João Costa, que tem vindo a ser bastante criticado pelos professores pela forma como está a gerir o processo negocial com o setor. Acompanhados de buzinas, os manifestantes empunhavam também cartazes com dizeres como “a liberdade é a escola da inteligência”, “os professores a lutar também estão a ensinar”, em “defesa da qualidade e da independência da escola pública” [contra a municipalização], pela “valorização da carreira”, pelo “fim da precariedade” e pela “dignidade”.

Os “professores em luta” defendem que têm sido “desconsiderados” nos seus direitos e acusam o Governo de “ter dois pesos e duas medidas” pelo facto de os profissionais da educação serem os únicos da função pública que não recuperaram na íntegra o tempo de serviço prestado durante o congelamento de carreiras. Ao todo, são seis anos, seis meses e 23 dias, o que significa que a maioria dos professores não alimenta qualquer esperança em chegar ao 8.º escalão da carreira docente (o topo é o 10.º escalão) e com repercussão direta nas remunerações – a maior parte dos professores aufere menos de 1400 euros líquidos por mês.

De referir que a greve nacional, por distritos, decorre até 8 de fevereiro. Os professores do distrito de Viana do Castelo manifestam-se no próximo dia 3 de fevereiro.

A.F.B.