Inesperadamente surge a notícia de que Francisco Mendes havia falecido. Encontrava-me nas instalações do DNA a assistir a um jogo em que Portugal perdeu. Todos nós perdemos um grande e competente amigo. São assim os episódios mais tristes das nossas vidas. Mas Francisco Mendes merecia a vida e não a morte prematura como aconteceu. Tivemos o atendimento útil e rápido dos seus serviços oficiais, da sua Junta de São Paio, onde as pessoas eram somente pessoas, qualquer que fosse a sua condição e opção política. Infelizmente isto acontece raras vezes nas funções públicas, onde as ideias, sendo um direito de todos, só são justas se o carimbo partidário atender os serviços do poder político. Mas Francisco Mendes era diferente, porque foi sempre uma figura de bem e muito prestável. Os meus sentidos pêsames à família, em particular à sua mulher e filho Rui Mendes, a quem deixo a minha gratidão (extensiva à minha família) pelo relacionamento amistoso com que sempre nos distinguiu.
A Europa e suas escolhas…
A participação ativa de Portugal em altos cargos é uma evidência que muito nos honra, sobretudo na União Europeia. Vai longe o tempo em que os emigrantes fugiam do salazarismo a salto à procura de melhores condições de vida, correndo riscos que muitas vezes terminavam com a morte do trabalhador. E isto impunha o nefasto afastamento de pais e filhos. Portugal era o “coitadinho” da Europa e os portugueses, na sua maioria, só serviam nos países de acolhimento para os trabalhos mais duros, muitas vezes humilhantes. Mas aconteceu o 25 de Abril de 1974, e a liberdade e os direitos humanos chegaram com a Revolução que deveria ser exemplo para a Humanidade, sem condenações, sem o uso maquiavélico da pena de morte, mas simbolicamente revestida da beleza dos cravos vermelhos que ainda hoje estão em uso mundial, como a abençoada flor símbolo da tolerância e do amor. E a juntar a isso o fim das guerras do fascismo em Angola, Guiné e Moçambique, para onde tinham rumado muitos milhares de jovens portugueses. Mas a intolerância de alguns líderes mundiais continua a evidenciar-se nos dias de hoje. Infelizmente os maus exemplos perpetuam-se na Ucrânia e na Palestina.
Voltando a Portugal, como português e militante socialista, tenho orgulho nos altos quadros do PS: António Guterres secretário-geral das Nações Unidas; Mário Centeno (independente) antigo presidente do Eurogrupo (e atual governador do Banco de Portugal); e, a partir de dezembro, António Costa a presidir ao Conselho Europeu. E como são do Partido Socialista, já há até quem diga que Portugal só pode ser bem governado pelo mesmo partido…. Será?
- Peixoto