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Quinta-feira, Dezembro 26, 2024
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Quatro produtos certificados que só se encontram nos Arcos

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No concelho de Arcos de Valdevez subsistem quatro produtos únicos, certificados pelo catálogo internacional World Slow Food – o movimento Slow Food, por oposição ao fast food, foi fundado em Itália (em 1986), por Carlo Petrini, e apresenta-se como uma corrente ecogastronómica. 

Os promotores do movimento são de opinião que “os nossos sentidos devem ser treinados para compreender e apreciar – devagar, devagarinho – o prazer que o alimento proporciona. Consideram também que o chamado slow food deve ser bom, limpo (produzido em harmonia com os ecossistemas), fresco, saboroso, apetitoso e justo (sob o ângulo da justiça social, proporcionando condições e pagamentos razoáveis para todos os que participam no processo produtivo e de distribuição)”. 

Broa dos Arcos

A broa é um pão rústico, cozido em fornos a lenha tradicionais, fazendo ainda parte da alimentação diária em várias freguesias de montanha do concelho. 

Tem como características principais a humidade no interior, com côdea estaladiça, crocante, apresentando alguma acidez, fazendo ligação com muitos produtos e tipos de pratos, frios ou quentes.

Segundo a tradição, a massa é trabalhada à mão, nas típicas masseiras de madeira, onde, depois de amassada, permanece um pouco em repouso para levedar, devidamente tapada. Pode ser preparada somente a partir de farinha de milho, ou também com um pouco de trigo. 

Por regra, as broas são de pequena dimensão, cozidas em fornos a lenha caseiros ou ainda nos pequenos fornos dos sobreviventes fogões de ferro. 

A massa da broa também é usada, frequentemente, com recheios diversos: carne de porco, enchidos ou sardinha. 

Embora existam ainda alguns fornos comunitários, é em padarias e pastelarias da vila dos Arcos que a maior parte dos consumidores se abastece.

 

Carne cachena

A serra de Soajo é polvilhada pela vaca da raça cachena, autóctone. É na montanha que já se habituou a viver e a alimentar a maior parte do tempo. 

Também conhecida por “cabreira”, “carramelha” ou “vilarinha”, a raça cachena é considerada a mais pequena do mundo. Animais baixos, curtos, entroncados, de cornos altos em espiral, muito robustos, que crescem e vivem no monte, por vezes no alto da serra de Soajo. 

No inverno alguns criadores resguardam os animais em terrenos cercados com sebes, protegendo-os dos ataques dos lobos. 

Entre abril e outubro, sensivelmente, os animais vivem em pastoreio livre e sobem o monte, surgindo meses depois, por vezes já com as crias, que pariram na cumeeira da serra.

A carne cachena com certificado DOP, também conhecida como a carne das alturas, pode ser de vitela ou de novilho, de um vermelho mais claro ou mais escuro, conforme a idade do animal abatido.

É tida como uma carne “tenra” e “saborosa”, com “pouca gordura”, “muito suculenta”, de “paladar muito próprio”.  

 

Feijão tarrestre

É um dos produtos que o agricultor colhe da terra para consumo próprio e para abastecimento de restaurantes. O feijão tarrestre é muito antigo, autóctone, muito característico, único, muito pequeno, em forma de rim e que pode ter várias colorações (bege, branco, castanho, amarelo, vermelho ou preto).

É um produto muito nutritivo, rico em fibra e ácidos gordos. Quando cozinhado, liberta uma quantidade considerável de goma, mantendo-se rijo exteriormente e pastoso no interior, com sabor intenso. É usado em sopas, arroz de feijão malandrinho, companhia habitual da carne de vaca cachena. 

O feijão tarrestre é produzido tradicionalmente em zonas de meia encosta e montanha, principalmente nas freguesias de Sistelo, Gavieira e Soajo.

Deita-se à terra entre março e maio, sendo colhido entre junho e julho. Posteriormente, é seco, antes de ser armazenado em caixas de madeira, a que se adicionam folhas de loureiro e eucalipto.

É, sobretudo, comercializado em mercearias, mercados e lojas da especialidade – pode ser comprado a granel, a forma mais tradicional, ou em embalagens de papel apelativas. 

 

Laranja de Ermelo

As afamadas laranjas de Ermelo, introduzidas pelos monges de Cister no século XII, também se comem à mesa. A cultura beneficia do microclima, de meia encosta, mesmo sobre o rio Lima, um dos motivos para a qualidade excelsa das laranjas, ainda hoje muito procuradas pelos vizinhos galegos.

A população fixa inferior a vinte pessoas (no lugar de Igreja, sede da freguesia de Ermelo), a maioria de idade avançada, faz da resiliência o seu cartão-de-visita. Cerca de uma dezena de produtores ainda cuida dos pomares, ainda que muitas plantas apresentem sinais de envelhecimento.

A laranja autóctone de Ermelo é pequena, redonda, de casca fina, com poucas sementes. É bastante sumarenta e aromática, sendo colhida a partir de fevereiro e tendo como melhor época os meses de abril e maio. É produzida sem recurso a produtos químicos ou tratamentos fitossanitários, com exceção, nalguns casos, de uma pulverização com calda bordalesa.

Há cerca de vinte anos foi desenvolvida uma laranjeira de porte mais pequeno, mantendo a qualidade dos frutos, estes mais vocacionados para sobremesa.  

O valor pago diretamente ao produtor varia entre os 60 cêntimos e 1 euro o quilo. 

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