O “Espaço Valdevez: História e Arqueologia” foi inaugurado no passado dia 10 de julho, numa cerimónia presidida por António Carvalho, diretor do Museu Nacional da Arqueologia. Através deste centro de cultura, inspirado na figura de Félix Alves Pereira, considerado “um dos maiores arqueólogos portugueses do seu tempo”, pretendeu o Município criar um percurso de visita e de museu que percorre a História e a Arqueologia do concelho, desde a Pré-História até à Implantação da República, com a ajuda de diversas aplicações multimédia.
Segundo o presidente da Câmara, “o Espaço Valdevez permite fazer um passeio singular por 8 mil anos da História do concelho de Arcos de Valdevez, História contada do ponto de vista da Arqueologia, em que o percurso começa no século XX e vai recuando no tempo à medida que descemos de patamar, como de se uma escavação arqueológica se tratasse”, começou por dizer o edil João Manuel Esteves, acrescentando que “o equipamento é ele próprio o encontro com a figura de Félix Alves Pereira, famoso arqueólogo nascido nos Arcos, que teve um papel preponderante na arqueologia dos séculos XIX e XX em Portugal”.
Por seu lado, o diretor do Museu Nacional de Arqueologia, outrora Museu Etnográfico Português, recordou que o organismo a que preside teve na sua base Bernardino Machado, ainda ministro das Obras Públicas, Comércio e Indústria no Governo de Hintze Ribeiro (e futuro Presidente da República), e José Leite Vasconcelos, um gigante da identidade nacional, que soube reunir um grupo de personalidades à sua volta, incluindo o arcuense Félix Alves Pereira, elemento central para fazer acontecer o Museu”, observou António Carvalho.
“Sinto-me honradíssimo, enquanto diretor do Museu Nacional de Arqueologia, por homenagear, nesta cerimónia de inauguração do Espaço Valdevez, a figura de Félix Alves Pereira, quando passam 130 anos sobre a criação do Museu. Tal como Leite Vasconcelos (nascido na Ucrânia), Félix Alves Pereira foi um homem que desenvolveu intensa atividade arqueológica tanto nos Arcos como em todo o país. Até em Cascais, de onde sou natural, há trabalho de Félix Alves Pereira. Ambos desempenharam um enorme contributo nacional. Aliás, Félix Alves Pereira foi um grande servidor político e esteve ligado a instituições de referência da vida institucional e cultural do Estado, fazendo muito bem a ponte entre o local (com trabalho desenvolvido em cerca de duas dezenas de concelhos) e o nacional, sobretudo através do papel ativo que teve na origem do Museu Nacional”, elogiou António Carvalho.
Visita por dentro
O Espaço Valdevez, sediado na Praça Municipal, nas imediações da Igreja Matriz e do Arquivo Municipal, é composto por cinco salas, segundo a linha do tempo, dando especial relevância a algumas das áreas arqueológicas onde Félix Alves Pereira trabalhou. Neste centro de cultura, de base museológica, poderão ser exploradas as seguintes salas temáticas: Félix Alves Pereira (com inúmeros materiais do seu espólio, entre fragmentos arqueológicos, publicações e excertos de cartas); da República à Restauração (séculos XX-XVII); do século XVI à Idade Média (séculos XVI-V); da Romanização à Proto-História (século V d.C.-2.º milénio a.C.); e Pré-História (2.º milénio a.C.-5.º milénio a.C.).
O equipamento recém-inaugurado, na presença dos sobrinhos-netos, oferece, logo à entrada, uma mostra biográfica para retratar a figura de Félix Alves Pereira, disponibilizando conteúdos e equipamentos tecnológicos, de caráter interpretativo, para aprofundar o conhecimento sobre a grande personalidade arcuense, que produziu diversa literatura acerca das pontes do concelho e um estudo sobre o Paço de Giela, além de vastas publicações sobre estações e materiais arqueológicos, sobretudo castrejos.
Depois da apresentação do patrono (nascido nos Arcos em 1865 e falecido em 1936) no patamar cimeiro, os visitantes descem os pisos do edifício e, da sala 2 à sala 5, retrocedem no tempo até 5 mil anos a.C., tendo existido o propósito de associar as salas de exposição a conteúdos históricos, elementos arqueológicos, equipamentos tecnológicos e monumentos de Arcos de Valdevez, desde logo uma maqueta sobre os fortes do Extremo, assim como uma mostra do material e das sondagens efetuadas no Alto da Pedrada (serra de Soajo), com reconstituições virtuais.
Os interessados podem fruir deste novo equipamento cultural, “rico” do ponto de vista conceptual, narrativo e tecnológico, de terça a domingo.
A.F.B.