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Culto a S. Bento de Ermelo perdura no tempo…

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O último 11 de julho provou que os rituais de fé a S. Bento de Ermelo ainda se mantêm de pé, embora esteja a decrescer o número de devotos que vai em romagem ao lugar onde os pomares de citrinos são, desde há vários séculos, os grandes colonizadores da paisagem, por influência dos monges beneditinos.

Muito antes da alvorada (ou não fosse esta a “romaria sem sol”), começam a chegar (a pé) ao “santuário” os primeiros grupos de fiéis e de festivaleiros, provenientes de várias localidades. Sem distinção de idade, género e estrato, alguns – entre homens e mulheres, novos e velhos, ricos e remediados – “carregam”, passo a passo, até Ermelo, um terço na mão ou transportam amuletos, numa fé inquebrantável pelo santo padroeiro do Município de Arcos de Valdevez e da Europa. Mas a maioria vai tão-só pela confraternização como é o caso de Miguel Rodas e Fernando Cerqueira, que já contam com várias romagens juntos – antes de chegarem ao destino, os caminheiros fizeram uma pausa em S. Bento do Seixo, em Gração (São Jorge), para saciarem a fome e assistirem ao espetáculo do grupo Microsom. 

Segundo o culto ancestral, é no altar de S. Bento que são depositadas as oferendas, este ano em muito menor número. Cravos vermelhos ou brancos, peças de cera e moedas, tudo serve para agradecer uma graça, um “milagre”, uma cura ou fazer um pedido de saúde, o mais importante de tudo. Mas o ritual só fica completo com a bênção da cartola de S. Bento, com as rezas e com a missa. E outros, no cumprimento de promessas, entregam-se a espinhosas “missões de sacrifício”, rastejando de joelhos e pés descalços à volta da igreja. 

No recinto exterior, os romeiros descansam à espera do amanhecer e do que há de vir. A eucaristia das 6.00, a primeira da aurora, no espaço sagrado, mesmo sem a enchente de outros tempos, serviu para consolar alguns destes devotos que completaram longas romagens. Na pregação, o pároco Belmiro Amorim explica sempre o espírito que subjaz a esta tradição remota: “nas caminhadas que fazemos até S. Bento, muitas coisas passam pela nossa cabeça no propósito de irmos ao encontro de nós próprios e de Deus… É esse o mérito de S. Bento, e quem encontra Deus também encontra os Irmãos. Saibamos amar, esta é a razão de ser da vida!”, costuma clamar o sacerdote.

Entretanto, nos grupos que vão chegando espaçadamente reina a alegria. Os jovens, em maioria, fazem a peregrinação pelo convívio entre pares. Raros são os que assistem aos atos religiosos. Praticamente sem pontos de venda (excluindo um espaço de doçaria) nem entretenimento, a juventude deambula pelo terreiro do templo e passeia-se um pouco na ecovia que ladeia o rio Lima até à boleia de regresso a casa.

Ao sopé do vale também vão assomando (a pé, de carro ou de autocarro) alguns fiéis de verdade e os que ficam (seniores maioritariamente) acabam por participar na missa da festa, este ano com vários padres concelebrantes, e na procissão, que percorreu o itinerário habitual. 

Daqui a um ano, repetir-se-ão os rituais de fé e de apego à cultura popular…

A.F.B.

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