Na reunião de Câmara de 14 de março, a vereação do PS enalteceu a iniciativa “Viva o Vez – Uma ação pela Natureza”, por a mesma encerrar uma vertente “pedagógica”, mas teceu várias observações para provar a dicotomia municipal entre “o que se promove” e “o que se faz” nos Arcos.
“Esta atividade tem o objetivo de instruir o público escolar a preservar os ecossistemas e a biodiversidade do Vez, através de um programa interessante e didático, como a ideia de ensinar técnicas para construção de abrigos para insetos polinizadores, aves e animais, além de ser uma oportunidade para educar os cuidados a ter com a natureza e com o ecossistema ribeirinho. Sem dúvida que a Câmara está a fazer um bom trabalho do lado da promoção dos comportamentos sustentáveis, mas a grande questão que se coloca é saber se a Câmara põe em prática as técnicas que ensina as crianças a fazer”, interpelou o vereador João Braga Simões, que contrapôs com as “más práticas” em vigor.
“Assistimos sistematicamente a cortes rasos nas margens ribeirinhas e, paradoxalmente, os tais abrigos que queremos ensinar as crianças a fazer estão a ser destruídos com as limpezas e a devastação das galerias ripícolas ao longo do rio Vez, em cada uma das margens, isto já para não falar na desproteção que estas práticas acarretam, com o enfraquecimento das raízes arbóreas e o consequente abate”, denunciou o porta-voz do PS, empenhado em fazer do Município arcuense “um exemplo de coerência entre as atividades de promoção/sensibilização ambiental e as práticas no terreno”.
“Há sempre um confronto entre as galerias ripícolas e o mato”
Em resposta, o vereador com o pelouro do Ambiente confirmou a ocorrência de algumas situações anómalas – “recentemente, devido a um mal-entendido, aconteceu um pequeno incidente, solicitou-se uma limpeza para a comunidade escolar ver os percursos e, quando fomos a verificar, os operacionais cortaram uma série de metros junto à galeria ripícola” – e admitiu que “urge fazer uma boa gestão dentro da zona urbana, havendo sempre um confronto entre as galerias ripícolas e o mato”, ressalvou Olegário Gonçalves.
“Obviamente que temos de ter algum cuidado na preservação da rede ripícola, é certo que, ao longo dos anos, temos vindo a melhorar. Tem havido o cuidado de não tocar na galeria ripícola nem interferir com sementeiras e com a polinização, apenas procedemos a cortes quando a vegetação está seca ou mesmo em decomposição, para que não tenhamos uma mata dentro da vila dos Arcos”, frisou o vereador do Ambiente, concedendo que “nem sempre é fácil fazer limpezas, por vezes, os serviços levam tudo raso, mas aqui o grande responsável é quem detém o pelouro”.
Recorde-se que os eleitos do PS em sede de Assembleia Municipal também já criticaram o “corte raso da vegetação espontânea em toda a extensão das margens e do leito do rio Vez. Em função do que está a acontecer, não podemos responsabilizar mais ninguém [que não o Município] por todos os crimes ambientais que estão a ser cometidos contra o mesmo”, acusou a deputada Flávia Afonso no ano findo.
Resumidamente, as recomendações do principal partido da oposição desaguam em três regras de ouro: “evitar a destruição de vegetação e de matéria orgânica”, “remover apenas a vegetação em mau estado (sem fazer o desbaste das margens)” e “nunca operar em alturas de reprodução e postura de ovos, quer de espécies piscícolas quer de aves”.
“Cravos em vez de tulipas”
Entretanto, no âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, o PS recomendou que, em vez de tulipas, o Município faça uma aposta efetiva “numa flor tão simbólica como o cravo, que devia ser utilizado em canteiros, floreiras e jardins municipais, até porque é uma flor mais barata e com maior potencial de regeneração do que a tulipa, tendo, portanto, uma maior longevidade”, comparou João Braga Simões.
Em reação, Olegário Gonçalves explicou que “as tulipas são a nossa primeira opção, porque são elas que dão o primeiro grande impacto nos jardins. Apesar disso, nada tenho contra a colocação de cravos, até porque temos plantado muitas roseiras, portanto, não é por aí [referência à simbologia política]. Mas vamos tomar em consideração essa recomendação, colocando, eventualmente, alguns cravos nos jardins”, adiantou o vereador do Ambiente.
A.F.B.