O projeto “Escola de Artes e Ofícios”, subscrito pela arcuense Carla Moreira, foi um dos grandes vencedores do primeiro Orçamento Participativo Portugal (OPP) ocorrido em 2017. A proposta foi apresentada no encontro participativo ocorrido em janeiro daquele ano, no concelho de Arcos de Valdevez, onde foram validadas 51 ideias.
Sob iniciativa da EPRALIMA, este projeto, que teve a duração de 12 meses, contou com uma verba atribuída de 100 mil euros e desenrolou-se nos concelhos de Arcos de Valdevez e Ponte da Barca, mobilizando os respetivos municípios e a Direção Regional de Cultura.
Enquanto funcionou, a Escola de Artes e Ofícios (área de educação e formação de adultos) permitiu o desenvolvimento de um conjunto de atividades formativas visando a recuperação/manutenção de tradições dos concelhos envolvidos. De resto, à proposta estava subjacente a “valorização dos conhecimentos ancestrais de artesãos/mestres”, através da transmissão de saberes, sendo o projeto em questão considerado um instrumento importante para a “criação do próprio emprego […] e do desenvolvimento turístico regional”. Mas, ao contrário das expetativas, a iniciativa não teve continuidade, depois de ter vigorado ao abrigo do OPP.
Apesar de os autarcas de Arcos de Valdevez e de Ponte da Barca terem revelado interesse em assegurar a manutenção da escola, a verdade é que não foram criadas condições para esse desiderato, deixando-se cair um projeto cujo objetivo era “evitar que se perdessem técnicas ancestrais de artesanato”.
Havia a perceção de que a Escola de Artes e Ofícios encerrava um “grande valor cultural” e era um instrumento com “potencial turístico” que interessava dar continuidade, visto serem escassos os mestres que dominam as técnicas artesanais. “O Município de Arcos de Valdevez está empenhado em preservar as tradições, as memórias e as atividades ligadas ao artesanato, valorizando saberes e produtos turísticos ligados ao turismo cultural”, garantia à época o executivo municipal.
Sem vontade política, a despeito de a iniciativa poder servir de base para a criação de postos de trabalho, não se concretizou a ideia de manter de pé um espaço onde fosse promovido um conjunto de atividades formativas para recuperar/manter ativas tradições dos concelhos envolvidos, ao mesmo tempo que se podia fomentar o desenvolvimento regional e turístico.
Com a extinção da escola, “por responsabilidade da administração local”, segundo apurou este jornal, ruiu a ideia da formação em diferentes áreas temáticas, inviabilizando-se a transmissão de conhecimentos ancestrais dos poucos artesãos/mestres que ainda trabalham em técnicas como a cestaria, a cerâmica e a construção de miniaturas (espigueiros, moinhos…) em madeira e em granito.
A.F.B.