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“Festivinhão é o maior evento anual do setor vinícola de Arcos de Valdevez”

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A festa do vinho de Arcos de Valdevez realizou-se, de 2 a 4 de junho, no Jardim dos Centenários, onde estiveram reunidos 22 expositores, entre produtores de vinho, produtores agroalimentares de base artesanal e tasquinhas. O festival, que teve o público arredado na tarde de sábado devido ao mau tempo, aliou o conhecimento à experiência, num “roteiro” por seminários, provas, aromas, sabores e memórias. Num mercado cada vez mais competitivo, os vinhos do concelho têm subido na escala de valor, mas é preciso produzir mais uvas para continuar a trajetória ascendente. 

Segundo o responsável técnico da organização e vice-presidente da Associação dos Vinhos de Arcos de Valdevez (AVVEZ), “o Festivinhão é o maior evento do setor vinícola com marca própria de Arcos de Valdevez, embora a produção de uvas seja mais alargada”, notou Vítor Correia, elogiando a “crescente notoriedade dos vinhos produzidos no concelho”.

“Os três maiores produtores individuais de Arcos de Valdevez, que representam cerca de 100 hectares de produção de uvas, vendem para as grandes casas e marcas nacionais, e têm vindo a arrecadar vários primeiros prémios nos maiores concursos nacionais. O reverso da medalha é que, infelizmente, já não vendem para a Adega Cooperativa de Ponte da Barca e Arcos de Valdevez (ACPBAV)”, lamenta Vítor Correia.

Para o engenheiro agrónomo, o trabalho de promoção que o Município iniciou há uma década está a dar os seus frutos. “A estratégia tornou conhecidos os vinhos de Arcos de Valdevez e, mais do que isso, permitiu o reconhecimento da sua qualidade, porque, sem nos vangloriarmos, nenhum município do Alto Minho consegue ter tantas medalhas, ainda por cima quando o nosso concelho só possui 27 referências e oito produtores, que, em abono da verdade, têm sido uma peça-chave nesta evolução, pois também eles estão a investir nas suas quintas e, por isso, é que há um aumento significativo da área de produção. A isso acresce que há duas adegas novas a serem construídas e outra a ser melhorada, temos de convir que, num universo de oito produtores [com marca própria], é um investimento muito representativo”, congratula-se Vítor Correia. 

Sobre o preço de aquisição do copo oficial de provas, o vice-presidente da AVVEZ admite que “houve críticas muito violentas o ano passado, mas a verdade é que sem o Festivinhão não era possível dar visibilidade a este trabalho no concelho de Arcos de Valdevez. As pessoas querem cá vir porque o Festivinhão é um certame muito importante, é a grande festa anual que permite trazer e dar a conhecer ao público os vinhos do território”, sustenta Vítor Correia, dando ainda nota positiva à restauração de Arcos de Valdevez”. 

“Finalmente, a restauração começa a dar provas de que é importante ter os vinhos de Arcos de Valdevez a acompanhar os seus pratos. Esta relação de harmonizar vinhos locais com menus gastronómicos é uma questão muito importante, é preciso continuar a dar visibilidade aos vinhos de Arcos de Valdevez”, reforça o diretor técnico da organização. 

 

“VITIS é um programa de sucesso a nível nacional”

O programa do Festivinhão fez subir a primeiro plano o seminário dedicado à “importância do programa VITIS para a reestruturação e reconversão de vinhas velhas, através deste instrumento duplicámos a área de produção no território de abrangência da ACPBAV”, começou por dizer João Pereira, enólogo da Adega que agrega os dois concelhos vizinhos. 

No âmbito da legislação em vigor, está aberta, desde o passado dia 1 de junho, através da ADRIL, a segunda fase de candidaturas ao programa VITIS, juntando os quatro concelhos da Ribeira Lima (Arcos de Valdevez, Ponte da Barca, Ponte de Lima e Viana do Castelo). O prazo para submeter as respetivas manifestações de interesse termina a 30 de junho (pelas 17.00).

Segundo o técnico da ACPBAV, “a fileira do vinho tem, no VITIS, uma excelente oportunidade para modernizar as vinhas, antigas, com mais de 15 anos”, podendo contar, em caso de aprovação da respetiva candidatura, “com financiamentos até 13 mil euros”. As candidaturas podem ser efetuadas a título individual (pessoa singular ou coletiva), com um “mínimo de 0,3 hectares por parcela de vinha estreme”, ou de modo agrupado, reunindo uma “pluralidade de produtores, quer sejam pessoas singulares ou coletivas, na condição de a área total superar os 10 hectares para as adegas cooperativas”. Na modalidade de candidatura agrupada, “sob o chapéu da ACPBAV, só nos últimos 15 anos, nos concelhos de Arcos de Valdevez e Ponte da Barca, foram reconvertidos mais de 400 hectares de vinha”, estima João Pereira.

“Graças ao programa VITIS, temos vindo a garantir uma renovação (gradual) da vinha de Arcos de Valdevez, que detém um grande potencial vinícola nas encostas de todo o vale do rio Vez. Ao invés, a fragmentação das unidades produtivas é o principal problema existente no território, a par da resistência das pessoas mais idosas em querer permutar, vender, comprar e emparcelar, algo que só se consegue com as novas gerações”, admite o técnico da ACPBAV. 

Na instalação de vinha nova, sem alteração do perfil, a recomendação é que se promova uma “densidade entre 1700 e 2500 plantas por hectare, o equivalente a um apoio de 11 520 euros (por hectare), uma ajuda interessante, valor que acumula com o subsídio de mais 1500 euros pelo abate de vinha velha”.

 

“Adega Cooperativa tem imensa necessidade de uvas”

Mas a cultura da vinha obedece a uma base legal. “O Governo distribuiu 2100 hectares de autorizações para todo o país. A região do Minho precisa de mais uvas. A ACPBAV tem uma imensa necessidade de uvas, visto que mais de 75% da produção é destinada à exportação. Temos, portanto, de aumentar a produção de uvas no território. Felizmente, com o VITIS, programa expedito e de sucesso a nível nacional, temos conseguido rejuvenescer as unidades produtivas, mas precisamos de mais investimento dos produtores, aproveitando o enorme potencial vinícola da região”, vincou João Pereira, estimulando a classe mais jovem a concorrer a estes incentivos com vista à dinamização das respetivas áreas de produção, com preferência para as castas tintas.

Nas restantes sessões de cariz técnico, designadamente provas comentadas e um curso de iniciação à prova de vinhos, onde a enóloga Patrícia Pereira e os formandos fizeram gala dos sentidos (da visão, do olfato e do paladar), ficou provado, se alguma dúvida existisse, que, “num mercado tão competitivo como o do vinho, há capacidade técnica de grande alcance no nosso território”. Conhecidos por serem “leves e frescos, os vinhos verdes, produzidos nesta sub-região do Lima, estão a crescer em qualidade, quantidade e diversidade, fenómeno para o qual tem contribuído a evolução da enologia. […] O resto, já se sabe, é pela qualidade e pela diferenciação que se capta mercado”, sugeriu a técnica da ACPBAV.

Além do vinho, estiveram, igualmente, representados no espaço expositivo-comercial, as compotas, os licores, os petiscos, o mel, a doçaria, entre outros produtos. Em complemento, além da estreia do Festival da Canção Rural, com dois grupos concorrentes (na circunstância, ganhou o dueto tavorense formado por Maciel Araújo e Tânia Gomes, que cantou o tema “Chora, Videira”), a animação esteve a cargo dos bombos (Bombásticos da Betânia e Os Malinos) e dos artistas da região (Hugo Costa, Ricardo Rocha, Teófilo Pimentel e Áurea Gomes).

 

Balanço “positivo”

A sexta edição do Festivinhão, que emparceirou o Município e a AVVEZ, cumpriu, segundo a organização, o objetivo de “promover o vinho verde como produto de excelência deste território” e, pelas ações técnico-comerciais realizadas, com base no conhecimento e na partilha, saiu reforçado o desafio que norteia todo o setor na região: “o mercado dos vinhos requer conhecimento, inovação, capacitação e parcerias para ganhar escala e, ao mesmo tempo, aumentar a sua quota de mercado, isto num concelho que é rico em história, património, natureza, cultura e tradição agrícola”. A iniciativa revelou-se ainda uma oportunidade para promover a expansão do enoturismo, sustentado numa oferta cada vez mais qualificada.

 

Vinhos premiados

Os melhores vinhos produzidos na região foram distinguidos no âmbito do concurso “Festivinhão Vinho do Ano”.

Eis a lista completa dos premiados:

. Festivinhão’23 – Grande Prémio Vinhão | Torre de Aguiã Vinhão Premium 2022 | Simão Pedro | Aguiã (Arcos de Valdevez);

. Festivinhão’23 – Grande Prémio Loureiro | Casa da Senra, Loureiro 2022 | Abrigueiros (Arcos de Valdevez); 

. Festivinhão’23 – Vinho Tinto do Ano | Torre de Aguiã Vinhão Premium 2022 | Simão Pedro | Aguiã (Arcos de Valdevez); 

. Festivinhão’23 – Vinho Espumante Tinto do Ano | Espumante Vinhão Extra Bruto | Adega Cooperativa Ponte da Barca e Arcos de Valdevez (ACPBAV);

. Festivinhão’23 – Vinho Branco do Ano | Casa da Senra, Loureiro 2022 | Abrigueiros (Arcos de Valdevez); 

. Festivinhão’23 – Vinho Espumante Branco do Ano | Pecadinhos do Abade | Espumante Loureiro Bruto 2020 | Laureano Machado (Viana do Castelo);

. Festivinhão’23 – Vinho Espumante Branco do Ano | Menção honrosa: Casa dos Borralhais | Espumante Bruto 2022 | Domingos Campos Dias (Arcos de Valdevez);

. Festivinhão’23 – Vinho Rosado do Ano | Muros de Grade, Rosé, 2022 | Agrosfera (Arcos de Valdevez); 

. Festivinhão’23 – Vinho Rosado do Ano | Menção honrosa: Rosé 2022 Barcos Wines | ACPBAV;

. Festivinhão’23 – Vinho de Arcos de Valdevez (AVV) Tinto do Ano | Torre de Aguiã Vinhão Premium 2022 | Simão Pedro;

. Festivinhão’23 – Vinho de AVV Branco do Ano | Casa da Senra, Loureiro 2022 | Abrigueiros;

. Festivinhão’23 – Vinho de AVV Rosado do Ano | Muros de Grade, Rosé, 2022 | Agrosfera;

. Festivinhão’23 – Vinho de AVV Espumante do Ano | Casa dos Borralhais | Espumante Bruto, 2022 | Domingos Campos Dias.

 

Andreia Alves coroada Rainha das Vindimas

A coroa de Rainha das Vindimas de Arcos de Valdevez foi entregue a Andreia Alves (natural da União das Freguesias de Padreiro Salvador e Santa Cristina), por decisão do júri constituído por Esmeralda Vieira (tesoureira da AVVEZ), Cândida Silva (diretora pedagógica da EPRALIMA), Amaro Amorim (Cooperativa Agrícola de Arcos de Valdevez e Ponte da Barca), Francisco Peixoto Araújo (vice-presidente da ACIAB) e Cristina Mendes (Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte de Portugal), num concurso em que as seis candidatas desfilaram em traje tradicional, roupa prática e vestido de noite. Como grande novidade, as candidatas dirigiram-se ao público para uma apresentação sucinta das suas freguesias e dos principais motivos de interesse para uma visita enoturística, prova também pontuada pelo júri. 

Andreia Alves, de 22 anos, operadora de loja, vai representar o concelho arcuense na final do prestigiado concurso ‘Rainha das Vindimas de Portugal’, sob organização da Associação de Municípios Portugueses do Vinho, numa gala nacional que visa preservar e promover as tradições e cultura mais genuínas do povo português, através da sua ligação à terra, às paisagens e aos frutos. 

As restantes distinções couberam à licenciada em Ciências Sociais e Políticas, Helena Dias, de 42 anos, natural da União das Freguesias de Vilela, São Cosme e São Damião e Sá, eleita Rainha Simpatia e 1.ª Dama de Honor, enquanto a terapeuta e massagista, Tânia Silva, de 26, em representação da freguesia de Sabadim, se distinguiu como Rainha Fotogenia e 2.ª Dama de Honor. 

Liliana Brito (26 anos), servente de construção civil, de Ázere; Sandra Santos (23), desempregada, de Cabreiro; e Ana Filipa António (17), estudante, de Rio de Moinhos, foram as outras concorrentes. 

A.F.B.

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