A organização Soajo Identidade e Património – Associação de Desenvolvimento Local apresentou-se publicamente na Casa do Povo da Vila de Soajo no passado dia 24 de agosto.
Fundaram a associação nove elementos que compõem provisoriamente os corpos sociais a seguir elencados:
. Direção | Manuel Brito Afonso (presidente), Ivo Baptista (vice-presidente) e Virgílio Araújo (tesoureiro);
. Assembleia Geral | António Enes Domingues (presidente), Luís Tiago Carvalho (vice-presidente) e Manuel Lima (secretário);
. Conselho Fiscal | Alexandre Casanova (presidente), António Cerqueira (vice-presidente) e Adelino Gonçalves (secretário).
São membros ativos da recém-formada associação António Amorim, Jorge Lage e Manuel Couto. Enquanto isso, foram nomeados para representar os lugares de Soajo Miguel Rodas (Paradela), Vítor Covelo (Vilarinho das Quartas), Virgílio Barreira (Vilar de Suente), João Pereira (Cunhas), Rúben Pereira (Várzea) e Estrela Ribeiro (Adrão).
O presidente da Assembleia Geral comunicou que, “quando a associação tiver sócios, terão de ser realizadas eleições em consonância com a lei. O grupo de pessoas anteriormente apresentado tem a função de garantir o funcionamento da associação”.
Segundo António Enes Domingues, o grupo está incumbido de “valorizar e promover as tradições, preservando-as”, e tem a possibilidade de fazer “candidaturas a fundos comunitários com vista à realização de projetos”.
Luís Tiago Carvalho e Ivo Baptista acrescentaram que “são objetivos da associação a revisão dos limites da freguesia e dos baldios, assim como o desenvolvimento de uma monografia para documentar a história e a etnografia de Soajo”, com o apoio financeiro da Junta, dos Baldios e da Câmara.
“Já recolhemos elementos e temos uma equipa de advogados a tratar do mapa da Freguesia e dos Baldios, dentro em breve, o processo dará entrada nos tribunais e, se tivermos paciência, entre 10 e 15 anos, a Seida voltará a ser de Soajo”, comprometeu-se Ivo Baptista.
A coletividade pretende fazer o mapeamento, a identificação e a catalogação dos elementos mais significativos do património material e imaterial de Soajo, bem como levar a cabo projetos de desenvolvimento da comunidade, ações de dinamização, oficinas e exposições, além da produção de uma monografia com as tradições vivas e perdidas, a historiografia de Soajo com a memória oral e as práticas contemporâneas.
Para “o primeiro ano de atividade”, o Município aprovou um apoio de 7500 euros, havendo do lado do grupo Soajo Identidade e Património o compromisso de apresentar a primeira fase da monografia no segundo semestre de 2025.
Presente nesta sessão, Jorge Lage, que detém um manancial de informação sem paralelo em Soajo fruto de aturado trabalho de pesquisa, reclamou “mais empenho dos órgãos autárquicos da freguesia” para lutar pela verdade histórica tanto da serra de Soajo como do cão sabujo.
Filme Podia ter esperado por agosto exibido a centenas de espetadores
O filme Podia ter esperado por agosto, de César Mourão, foi mostrado a centenas de espetadores no Largo do Eiró no passado dia 23 de agosto. Rodado sobretudo em Soajo, o filme, com um enredo linear, centra-se na paixão de Xavier (César Mourão) por Laura (Júlia Palha) e nas ideias loucas do destemido amigo Julião (Kevin Dias).
Dirigindo-se ao público presente, o realizador César Mourão recusou ser dono dos louros. “Tenho muito pouco mérito na realização do filme, o único mérito talvez tenha sido o de ter insistido na vila de Soajo, que não é assim tão perto de Lisboa, e com as dificuldades daí decorrentes como a necessidade de mobilizar uma equipa numerosa”, começou por dizer Mourão.
O protagonista disse ter encontrado no Largo do Eiró “o cenário ideal para um filme. E quando cá cheguei, com o largo vazio, a Florinda foi quem desbloqueou todos os sítios possíveis e imaginários para fazermos o nosso trabalho, perturbando o menos possível a população. Sentimo-nos respeitados, porque nós respeitámos o povo de Soajo”, congratulou-se o artista de 46 anos, que acompanhou a exibição da película na sala de visitas da localidade até ao fim, porque “os soajeiros fizeram questão de estar comigo e eu quero estar convosco neste momento”, justificou.
Para César Mourão, “foi muito bonito arrendar as casas, costumo dizer, por brincadeira, que Soajo teve dois verões este ano, o do estio, com muitos emigrantes e visitantes, e o período entre fevereiro e março em que as casas estiveram todas arrendadas por nós, em que os restaurantes e as mercearias tiveram muito movimento, graças à equipa que operou o filme”.
Sobre a possibilidade de realizar um segundo filme em Soajo, Mourão afirmou que “consta que ‘sim’ e que ‘a população quer’, não sei como é que vai ser, mas prometo que, se tal vier a acontecer, nós vamos tratar o povo de Soajo da mesma maneira e eu agradeço que os soajeiros nos recebam de igual forma”.
Por seu turno, o presidente do Município de Arcos de Valdevez referiu que “o sucesso enorme do filme só foi possível porque o elenco é excelente, tal como os sítios e as pessoas da terra também são excecionais”.
A.F.B.