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Património comunitário ao abandono em Soajo

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A degradação do património histórico e cultural espalhado pelo território de Soajo tem vindo a acentuar-se de ano para ano e, consequência disso, o rico legado, incluindo espigueiros, moinhos, levadas, fontanários e lavadouros, apresenta-se, hoje, algo destruído ou arruinado. Apesar disso, estas estruturas são muito apreciadas pelos turistas que procuram voltar às origens nos territórios de montanha.

O vasto património comunitário da vila soajeira – Fonte da Moreira (desativada), Tanque da Fonte do Souto (lavadouro), Fonte do Poço (quase seca), Fonte do Souto da Vila (idem), Tanque do Souto da Vila, Fonte do Ganão, Tanque da Eira do Rego, Fonte de Bairros… – , bem como o existente nos vários lugares, apresenta-se boa parte dele desvalorizado e descuidado (abundam as plantas infestantes…), apesar dos prometidos arranjos da autarquia soajeira para que todos se possam orgulhar das suas raízes, pois só assim os vindouros poderão usufruir do rico legado – espécie de matriz cultural – que atravessa o território. 

No caso dos imensos espigueiros que embeleza(va)m a freguesia, existem várias estruturas (de particulares) já desmanteladas e vendidas, enquanto outras estão transformadas em ruína. Para salvar o que ainda resta há muito trabalho por fazer e, neste contexto, nas assembleias de freguesia, vários cidadãos têm defendido que a Junta devia assumir uma atitude profilática e de sensibilização para que se consiga preservar o património dos antepassados, restituindo-lhe dignidade.   

Mas também a comunidade tem uma palavra a dizer, como se viu no outono de 2019. Era impossível não reparar nos andaimes montados na Eira da Laje com o objetivo de “desmontar” um belo espigueiro (com soalho em pedra) e mal as fotos foram publicadas nas redes sociais logo soaram os alarmes. Fruto do diálogo e das diligências encetadas na altura, este património referencial permaneceu no sítio onde estão aglomerados outros cinco exemplares.  

Desvalorização das casas florestais

O Estado prometeu recuperar as antigas casas florestais, mas estas continuam devolutas. A medida, que fazia parte do Programa Nacional de Reformas, tinha como objetivo reabilitar o imenso património público que se encontrava ao abandono para o transformar em turismo de natureza (e não só).

O projeto, denominado de “Dinamização turística das casas de abrigo e casas florestais”, previa a “reabilitação, valorização e rentabilização” deste património devoluto (em tempos habitado por guardas florestais) com vista à sua conversão turística.

O encerramento das casas florestais, há cerca de trinta anos, conduziu à sua imparável degradação. O panorama que se pode avistar, hoje, nos imóveis “plantados” ao longo do único Parque Nacional é de autêntico desleixo: portas arrombadas, janelas esventradas, vidros estilhaçados, telhas escaqueiradas, tetos estripados, paredes conspurcadas e lixo atolado. 

Em tempos, falou-se da possibilidade de a Direção-Geral do Tesouro e Finanças (proprietária das casas florestais) e de o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (responsável pela gestão do Parque Nacional) doarem aos Baldios de Soajo as casas florestais situadas nesta freguesia, segundo foi anunciado, em 2016, aos compartes pelo Conselho Diretivo, presidido à época por Cristina Martinho. 

Nessa altura, foi aventado que às casas abandonadas, depois de devidamente intervencionadas, poderia ser dada uma utilização socioeducativa ou turística. Mas de lá para cá, no concreto, o processo nada avançou no sentido de reabilitar e converter as casas do Arieiro (falado como possível centro interpretativo do lobo), de Vilar de Suente (sede dos Baldios e centro de educação ambiental?), de Paradela (sede da Associação Cultural e Desportiva local?) e do imóvel entre Outeiros e Ramil (espaços de apoio a turistas?).

Na falta de concretização do anunciado projeto, assiste-se a uma destruição em grande escala deste património público.

A.F.B.

 

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