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Eleições legislativas: O que pensam os jovens que vão votar pela primeira vez?

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Os jovens que atingiram os 18 anos podem votar pela primeira vez nas eleições legislativas de 10 de março. Para muitos deles, estas eleições intercalares vão significar o exercício pleno de um direito de enorme simbolismo: o voto. Mas, porventura, para outros, o divórcio da política será sinónimo de abstenção. De resto, alguns jovens entrados na maioridade não confiam na classe política, expressando “reservas acerca da sua competência”.

Ao contrário do que se poderia imaginar, o tema da educação e os desafios da juventude têm estado fora do alinhamento em vários dos debates televisivos entre os candidatos às legislativas, mas, apesar disso, Beatriz Gomes Rodas e Alexandre de Brito Freitas, ambos de 18 anos, falam do exercício da cidadania e das expectativas depositadas na classe política. 

De notar a perceção que os mais novos já têm dos ‘carreiristas da política’ em Portugal, por oposição ao que se passa “na maioria dos países muito desenvolvidos”. “Nestes países, o cidadão constrói, primeiramente, uma carreira profissional sólida, com provas de competência e um currículo rico em experiência, e só depois é que ingressa na política para poder contribuir para o desenvolvimento do seu país, através do conhecimento técnico/profissional. Em Portugal, o percurso é feito ao contrário: vai-se para a política sem qualquer tipo de experiência e apenas como trampolim para altos cargos”, opina Alexandre Freitas. 

 

Inquérito

  1. Agora que atingiste a maioridade, tencionas votar, pela primeira vez, no próximo dia 10 de março?
  2. O que representa para ti o direito de votar?
  3. Qual o significado e o impacto das eleições legislativas para o futuro dos jovens portugueses?
  4. Em que medida a classe política está à altura das circunstâncias e dos anseios da geração da tua idade?

 

“Exercer o direito de voto é um privilégio e uma responsabilidade cívica”

  1. Sim, pretendo exercer o meu direito de voto no próximo dia 10 de março.
  2. Para mim, o direito de votar representa uma oportunidade de ter voz ativa, de expressar as minhas opiniões e preocupações em relação às questões que afetam a classe jovem e a sociedade em geral. É um privilégio e uma responsabilidade cívica que valorizo. 
  3. As eleições legislativas são extremamente importantes para o futuro dos jovens portugueses, pois quem delas sair vencedor terá a incumbência de traçar as políticas que serão implementadas nos próximos anos. Questões como a educação, o emprego, a habitação, a saúde e o ambiente estão em jogo, e as decisões tomadas pelos líderes eleitos irão moldar o ambiente em que iremos viver e as oportunidades que teremos. O impacto das eleições pode ser sentido a longo prazo, afetando diretamente as perspetivas de vida e as oportunidades disponíveis para os jovens. 
  4. Acredito que a classe política tem um papel fundamental em representar os interesses da minha geração, mas, muitas vezes, sinto que há uma desconexão entre as mensagens dos políticos e as necessidades reais dos jovens. Habitualmente, as políticas propostas não refletem verdadeiramente as nossas necessidades e preocupações, como é, por exemplo, o caso do valor exorbitante das rendas para os jovens deslocados. Sobre este assunto, já muito se debateu, mas nunca algo de significativo chegou a ser feito. Sinto que os órgãos de poder estão, frequentemente, muito mais preocupados em manter o seu poder ou satisfazer os seus próprios interesses do que em representar verdadeiramente os nossos interesses.

Beatriz Gomes Rodas (Soajo)

“Em Portugal, a política é um trampolim para altos cargos”

  1. Sim, tenciono participar. Votar, além de um direito, é um dever cívico.
  2. Representa a oportunidade de participar na escolha do projeto que determinará o rumo do país nos próximos anos, ou seja, ser parte ativa numa decisão de importância nacional.  
  3. Não sei se vai significar, mas pelo menos deveria significar uma mudança de paradigma para o país, no geral, e para nós, jovens, em particular. Ser jovem neste país é sinónimo de dificuldades: dificuldade em conseguir empregos, remunerações atrativas e carreiras profissionais equiparadas a outros países da UE; dificuldade na habitação; dificuldade no acesso aos apoios ao empreendedorismo, entre outros aspetos. Portanto, hoje é comum ouvir que os jovens portugueses estão a emigrar, um pouco à semelhança do que fizeram os nossos avós nos anos 60 e com exatamente o mesmo propósito: busca de oportunidades e melhores condições de vida. A única diferença é que agora emigram também os jovens qualificados e os altamente qualificados, ou seja, o país investe para formar e, depois, desperdiça esta mão-de-obra qualificada. 
  4. Na maioria dos países muito desenvolvidos, a classe política tem um percurso oposto ao que se passa em Portugal, ou seja, primeiro, o cidadão constrói uma carreira profissional sólida, com provas de competência e um currículo rico em experiência, e só depois é que ingressa na política para poder contribuir para o desenvolvimento do seu país. Em Portugal, o percurso é feito ao contrário: vai-se para a política sem qualquer tipo de experiência e apenas como trampolim para altos cargos. Infelizmente, são imensos e conhecidos os casos que seguiram esta lógica.

Obviamente que, não estando eu de acordo com o percurso que atrás referi, tenho muitas reservas acerca das competências da classe política para fazer o melhor pelo meu país e, consequentemente, pelos jovens da minha idade.

Alexandre de Brito Freitas (Giela)

Mais de metade da população arcuense recenseada não vota nas eleições legislativas

As eleições legislativas têm registado elevadas taxas de abstenção no concelho de Arcos de Valdevez. Os dados de escrutínios recentes revelam 54,41% de abstencionismo nas legislativas de 2022 e 56,27% nas de 2019. A estrutura educacional da população, a falta de literacia política e o sentimento antipartidos são algumas das razões apontadas para esta realidade.

Mas existem outros fatores que estão na origem da reduzida participação eleitoral nos territórios afastados dos grandes centros, segundo os especialistas. “A polarização, a pessoalização e a fraca capacidade de mobilização de voto por parte dos partidos são condicionantes que aumentam os valores da abstenção”. Também os “eleitores-fantasma” contribuem para sobrestimar a taxa de abstencionismo nos Arcos (e não só) – há muitos emigrantes nos cadernos de recenseamento que não residem cá e que vivem/trabalham fora de Portugal. 

Em comparação com os parceiros europeus, Portugal permanece entre os países com maiores níveis de abstencionismo. Um quadro que atinge os valores mais elevados nas reeleições presidenciais e na escolha dos representantes nacionais para o Parlamento Europeu, sinal de que os eleitores têm a ideia que o seu voto é menos importante nas eleições europeias do que nas nacionais.

A.F.B.

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