Apesar de ter votado a favor da proposta de apoio à realização do Encontro Sénior realizado no passado dia 8 de outubro, o PS teceu várias críticas acerca dos “moldes de organização do evento” na reunião de Câmara de 12 de outubro.
“Recordo que votámos a favor do Encontro, por princípio não temos nada a opor a uma iniciativa como esta, mas a verdade é que já estamos na segunda edição e também é a altura de fazermos um balanço”, começou por dizer João Braga Simões, antes de estimar o contingente que ficou de fora dentro do público-alvo.
“Segundo os Censos de 2021, o concelho de Arcos de Valdevez tem cerca de 36% da população que é idosa, o que corresponde a cerca de 7500 pessoas. Em números gerais, diria que esta iniciativa não chega a 25% da população idosa do concelho. Mais: um em cada quatro ou cinco dos convivas não é idoso, é acompanhante, fazendo parte das 2500 pessoas que foram à Malafaia”, especificou o vereador socialista.
“Também é altura de repensar os valores despendidos, nomeadamente os 20 mil euros para custear os transportes (cinquenta autocarros) e os 42 500 euros (mais o IVA) para pagar as entradas na Quinta da Malafaia. Estamos a falar de cerca de 65 mil euros diretamente transferidos para empresas, na sua grande maioria, externas do concelho”, lamentou o PS, com reservas em relação à mais-valia de promover o encontro na Malafaia, que “ainda por cima se reveste de fins propagandísticos”.
“Parece-nos, honestamente, um evento para encher o olho, até por uma razão bastante óbvia: esta iniciativa está programada para coincidir com eleições autárquicas, final de setembro, início de outubro. Se os futuros encontros forem calendarizados para esta data, terão a nossa oposição, obviamente! Não podemos aceitar que os idosos arcuenses sejam utilizados em operações de campanha autárquica, não é para isso que eles se alistam nestas iniciativas, por isso, também não me parece sério estar a arregimentar idosos sob o engodo de um convívio sénior”, acusou João Braga Simões.
“Sabemos todos que o Encontro Sénior, nos moldes em que é organizado, gera assimetrias e descontentamento na população, devido aos tratamentos diferenciados. Na verdade, é impossível uma iniciativa como esta atingir o objetivo a que se propõe e também por isso eu sugeria à Câmara que repensasse a iniciativa, promovendo um evento adaptado à dimensão local, até para garantir que os restantes 75% da população idosa tenham acesso e a oportunidade de participar no convívio”, propôs o vereador socialista.
“É verdade que há pessoas com idade inferior a 65 anos a participar”
Em resposta, o presidente da Câmara disse “lamentar que o vereador João Braga Simões não tivesse ido à Malafaia, pois teria tido a oportunidade de falar com as pessoas, e aí teria uma ideia diferente do evento”, contraditou João Manuel Esteves, que apresentou os condicionalismos que impedem a realização do convívio sénior neste concelho.
“Já houve, em tempos, encontros seniores organizados no concelho dos Arcos, e chegou-se à conclusão de que não havia condições para fazer, aqui, o evento. Não havia (e não há) condições logísticas e de oferta (não havia, e não há, empresas de restauração e de transporte com sede nos Arcos que consigam responder ao que se pretende)”, escudou-se o edil arcuense.
Com respeito aos “75% de idosos que não participaram no Encontro Sénior de 8 de outubro”, João Manuel Esteves deu a sua visão. “Houve muitas pessoas que não puderam ir, ou porque não têm idade ou porque não tiveram oportunidade de se inscrever, ou ainda porque não souberam atempadamente da iniciativa. […] Obviamente que no meio de tão grande número de pessoas muitos idosos tiveram de levar algum acompanhante e outros indivíduos não idosos estiveram lá no exercício das suas funções autárquicas. É normal que isso aconteça, é verdade que há pessoas com idade inferior a 65 anos a participar, ninguém esconde isso, nem as juntas ocultam nada. E também não há enviesamento produzido voluntariamente por ninguém”, observou o presidente da Câmara, admitindo a “hipótese, sugerida por algumas pessoas, de organizar futuramente mais do que um Encontro Sénior por ano”.
“É uma iniciativa que vale a pena, temos de reunir e articular com as juntas de freguesia, há espaço para melhorar. Mas não vale a pena negar o interesse e o impacto social do evento”, ressalvou o presidente do Município.
Quanto ao agendamento do Encontro Sénior por “alegados motivos eleitoralistas”, João Manuel Esteves justificou a “escolha de outubro por este mês coincidir com as comemorações da idade sénior [a 28 de outubro celebra-se o Dia Mundial da Terceira Idade]. As pessoas que participam não pensam em partidos”, retorquiu o presidente da Câmara.
Por seu lado, Olegário Gonçalves dirigiu “palavras de apreço à vereadora da Ação Social, Belmira Reis, pela organização empenhada do Encontro Sénior […], assim como aos funcionários da Câmara e às juntas de freguesia, pelo trabalho meritório que fizeram”.
A.F.B.
