A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Arcos de Valdevez (AHBVAV) responde anualmente a “cerca de 6 mil pedidos e solicitações de ajuda” provenientes da comunidade, percorrendo um total de “500 mil quilómetros” na prossecução dessas missões. Mas, segundo o comandante dos BVAV, “a evolução que o concelho tem registado nos setores do turismo e da indústria reclama um investimento proporcional aos riscos daí inerentes”.
“O território de Arcos de Valdevez tem crescido no turismo de natureza e na indústria, aliás, esta evolução é muito bem-vinda por nós todos, bombeiros, mas também faz crescer muito a nossa preocupação, pois o risco associado a estes setores é grande e está sempre presente. Neste domínio, apesar de toda a colaboração prestada pelo Município, sentimos que o corpo de bombeiros de Arcos de Valdevez ficou um pouco esquecido e não foi, de certa forma, considerado na estratégia deste crescimento”, alertou Filipe Guimarães, na cerimónia de comemoração dos 134 anos da AHBVAV.
“Nós necessitamos de acompanhar a evolução turística e industrial, investindo no nosso corpo de bombeiros, desde logo porque aquilo que podemos dar de melhor a quem nos visita e a quem se estabelece nos Arcos é o sentimento de segurança. Para isso temos mesmo de nos equipar e de dotar o corpo de bombeiros dos meios mínimos para podermos acompanhar esse crescimento a fim de estarmos ao mais alto nível sempre que for necessário”, defende o comandante dos BVAV, reconhecendo na Direção da AHBVAV “um interlocutor que sabe escutar” e no Município “um parceiro fundamental no percurso que nos trouxe até aqui”.
“Mas queremos mais, precisamos de muito mais, a nossa realidade exige isso. Queremos que a Câmara continue a investir no socorro do concelho de Arcos de Valdevez, através do nosso corpo de bombeiros, porque investir em nós é investir na segurança dos arcuenses, é investir na segurança de todos”, reforça Filipe Guimarães, antes de identificar as principais carências operacionais.
“Necessitamos de substituir, com a máxima urgência, o nosso velhinho equipamento de desencarceramento, que conta com cerca de 34 anos de serviço – além do elevado peso e da sua lentidão operacional, começa, já, a dar sinais de que o seu ciclo de vida está por dias. Necessitamos de mais uma ambulância de socorro – só nos primeiros quatro meses de 2023, já prestámos cerca de 1200 missões de emergência pré-hospitalar (1200 serviços de INEM). Necessitamos de adquirir, urgentemente, equipamentos de proteção individual para o combate aos incêndios florestais para, assim, podermos equipar adequadamente todos os elementos […]. Necessitamos de materiais mais adequados à realidade, […] para lá da renovação das viaturas necessárias. E temos de continuar a política de formação especializada que tão boa imagem tem dado aos serviços por nós prestados”, concretiza o comandante dos BVAV, que elege a dignificação da “nobre função de bombeiro” como um desígnio para cativar mais jovens para o voluntariado.
“Todos sabemos que é muito difícil nos dias de hoje recrutar jovens que se prestem a ser voluntários, infelizmente, nós só temos obrigações e, praticamente, nenhumas regalias. Para alterar o atual contexto, peço encarecidamente ao presidente da Câmara que proporcione aos bombeiros da terra o já prometido Estatuto Social do Bombeiro para que se torne mais atrativo aos nossos jovens sacrificarem-se pelo socorro de Arcos de Valdevez”, exorta Filipe Guimarães, dirigindo palavras de gratidão aos homens e mulheres que comanda.
“Somos menos de cem elementos. […] A falta de recursos humanos nas principais horas do dia, aliada à gigantesca operacionalidade que temos, é uma realidade que nos tem preocupado imensamente. Reconheço que somos poucos para acudir à exigente operacionalidade, mas o facto de sermos poucos também faz com que o trabalho deste corpo de bombeiros seja muito maior e de superior valia”, admite Filipe Guimarães.
Criada terceira Equipa de Intervenção Permanente
O Município de Arcos de Valdevez e a AHBVAV celebraram um protocolo no valor de 37 453 euros para apoiar a constituição da terceira Equipa de Intervenção Permanente (EIP) no concelho arcuense, satisfazendo um pedido insistente do comandante, Filipe Guimarães, e do presidente da AHBVAV, Germano Amorim.
Com esta terceira equipa, constituída por cinco elementos, “é alargada a garantia da primeira linha de socorro no concelho de Arcos de Valdevez”, sublinha Filipe Guimarães.
Assim, o concelho fica apetrechado com três EIP, compostas ao todo por 15 operacionais, com formação específica e maior capacitação para corresponder a situações de emergência ou de catástrofe.
A exemplo do que já sucede com as duas brigadas primitivas, o Município vai repartir com a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil os custos decorrentes da remuneração dos elementos desta nova EIP.
A.F.B.