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Caminho da Geira e dos Arrieiros: “uma experiência transcendental e inspiradora”

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O Caminho da Geira e dos Arrieiros está longe de ter o nível de adesão esperado, mas quem já fez o percurso valoriza a experiência e a fruição do rico património material e imaterial que povoa a rota. O Caminho, que mistura fé, património e natureza, é repartido por etapas durante vários dias.

Ricardo Ferreira, rendido aos encantos do Alto Minho (está a recuperar casa de habitação em Adrão, Soajo), gere uma empresa de trekking (promoção de caminhadas longas e difíceis por terrenos acidentados e montanhosos com fins recreativos) para apoiar turistas que queiram atravessar trilhos e experienciar momentos únicos. “No fundo, associar os corações aventureiros à riqueza da natureza e cultura através de experiências de trekking personalizadas”, conta o empreendedor de 44 anos.

No topo das preferências está o Caminho da Geira e dos Arrieiros, uma rota histórica que une Braga e Compostela, passando por Arcos de Valdevez. “Este Caminho é um escultor de personalidades, mostra-nos o desapego e a simplicidade da vida e a fuga ao stresse do quotidiano. Tudo aquilo que precisamos está numa mochila e, através do Caminho, conhecemos o verdadeiro sentido da palavra ‘liberdade’. Percorrê-lo é uma experiência de superação tão grande que todos os desafios passam a ser possíveis de concretizar”, diz o promotor. 

A aventura de Ricardo Ferreira começou com “a enorme paixão de juntar caminhos, conquistar serras e montanhas, explorar vales e transcender desafios físicos e mentais. Cada gota de suor e cada passo dado representam o concretizar de um momento único, reservado exclusivamente para os clientes”, acrescenta Ricardo Ferreira, que também organiza caminhadas de menor grau de dificuldade até à Lagoa dos Druidas (Tibo, Gavieira), à Fraga das Pastorinhas (Peneda, Gavieira) ou aos poços do rio Adrão. 

Ao guia Ricardo Ferreira compete “garantir que todos os participantes estão seguros e saudáveis ​​durante o caminho. Isso inclui observar o ritmo dos participantes, identificar e tratar qualquer problema de saúde ou lesão, estar a par das previsões meteorológicas e fazer ajustes na rota, se necessário”.

 

“Um dos mais bonitos e desconhecidos caminhos de Santiago”

No Caminho da Geira e dos Arrieiros há muito que contemplar em termos de património, história, gastronomia, cultura ou comunidades. “Podemos admirar várias tipologias de aldeamentos e contactar com a natureza em estado puro, fauna e flora incluídas, visto que a maior parte do percurso é feito em montanha, assim como absorver conhecimentos de história, identidade (religião) e arquitetura, dados os diferentes estilos de construção de igrejas, capelas e santuários”, explica o promotor de trekking.

O percurso de 239 km sobressai por incluir “patrimónios únicos no mundo: a Geira Romana, a via do género mais bem conservada do planeta, e a Reserva da Biosfera Transfronteiriça Gerês-Xurés. Além disso, o seu traçado é um dos cinco que ligam diretamente à catedral de Santiago de Compostela. Sem dúvida que o Caminho da Geira e dos Arrieiros é um dos mais bonitos e desconhecidos caminhos de Santiago”, classifica Ricardo Ferreira.

O tipo de preparação recomendado para fazer a pé o Caminho da Geira e dos Arrieiros varia em função do plano. “Depende do número de etapas. No caso de serem oito, é necessário ter uma boa preparação física. Se a peregrinação for distribuída por 12 etapas, a caminhada será muito mais acessível a qualquer pessoa que tenha o mínimo de preparação. Mas acredito que a vontade supera qualquer défice de preparação!”, ressalva. 

A juventude ainda não é o aliado que podia ser do trekking. “Há falta de jovens praticantes deste tipo de desporto, raramente temos clientes com idades abaixo dos 35 anos. O movimento escutista é, apesar de tudo, o que tem mobilizado mais as camadas jovens para estas caminhadas”, aponta.

Para impulsionar a travessia do Caminho da Geira e dos Arrieiros, “é necessário criar melhores condições em termos de manutenção de trilhos, marcações e comodidades a nível de alojamento e reabastecimento (alimentação). A travessia é longa e exigente, e, em dias de chuva, devido à falta de abrigos e de albergues para escapar às intempéries, há caminheiros que acabam por desistir”, lamenta Ricardo Ferreira.  

A.F.B.

 

Experiência de peregrina soajeira para “nunca mais esquecer”

“Passo a passo, quilómetro a quilómetro, percorrer o Caminho da Geira e dos Arrieiros foi, sem dúvida, a minha maior aventura antes dos 40 anos! Há muito tempo que era um sonho, tornou-se agora realidade. 

Várias vezes abri a mochila, porque desconfiei que os meus amigos me andavam a colocar pedras dentro, mas era mesmo o cansaço acumulado que a tornava cada vez mais pesada

Aprendi que devemos levar só mesmo o essencial.

Aprendi que somos muito mais fortes do que aquilo que pensamos e que a única coisa que nos pode fazer fracos é deixar de acreditar em nós. Quase aconteceu, mas houve sempre o Ricardo Ferreira a acreditar e a não deixar que as bolhas nos pés ou o peso da mochila me fizessem desistir! E, passo a passo, chegámos todos a Santiago!

Uma aventura de sete noites e oito dias, em total autonomia, com o tarp [abrigo de lona] às costas, colchão e saco cama. Foram sete noites magníficas no meu habitat preferido, a natureza, sempre presenteada com o céu estrelado e o som dos animais selvagens! 

É um caminho ainda com poucos peregrinos e, portanto, com poucos pontos de reabastecimento, mas foi muito bem programado e, por isso, nunca nos faltou água ou comida. 

Ao longo do caminho sempre tivemos rio, tanques e fontes para nos refrescarmos e tomarmos banho. Quando não havia acesso fácil ao rio, tínhamos o chuveiro portátil, muito útil. Água sempre fresca para desentorpecer os músculos e curar as bolhas!

Devo um agradecimento à trekkin.pt, em especial ao Ricardo Ferreira, pela oportunidade e pela experiência que nunca irei esquecer!

É algo que não se explica, sente-se!”

Teresa Araújo

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