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Bernardete Amorim capta a biodiversidade do rio Vez desde 2015

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Bernardete Pedreira Amorim, professora de Física e Química, tem um grande portfólio fotográfico sobre a biodiversidade do rio Vez, resultado do interesse que nutre pela Natureza. O interesse por esta área do conhecimento “esteve sempre presente” na sua vida e o “registo fotográfico da biodiversidade do ecossistema do rio Vez surgiu naturalmente por ter ficado com mais tempo e ter necessidade de caminhar, devido a circunstâncias de natureza pessoal”.

  

No mundo da biodiversidade a preferência de Bernardete Amorim recai sobre os animais. “Estou sempre a encontrar novas espécies, nomeadamente de insetos, e os animais dão mais ‘luta’ pois movem-se e a sua observação e possível registo é menos previsível”. Diz ser um “enorme privilégio termos no estuário do rio Vez a lontra-europeia, o lagarto-de-água e o melro-de-água. Também seria um privilégio termos a toupeira-de-água, mas eu nunca consegui, no perímetro em que faço os meus registos, encontrar nenhuma”, ressalva a professora de 66 anos, natural de Monção, mas “arcuense de coração” (filha do monçanense Branco Pedreira, maestro e criador da “Marcha dos Arcos”). 

Nunca teve máquinas de alta definição para fotografar a Natureza – “muitos dos registos que inicialmente fiz foram com uma pequena máquina digital compacta” –, mas agora utiliza, habitualmente, uma máquina “superzoom, com zoom ótico de 83x, por ser leve e fácil de transportar, e me permitir fotografar espécies um pouco mais distantes, nomeadamente aves”, explica Bernardete Amorim, que criou uma página online dedicada à biodiversidade do rio Vez. 

 

Cinco perguntas a Bernardete Amorim

“Remoção da vegetação nas margens no rio Vez está a interferir com os habitats

  1. Em que medida a existência do melro-de-água atesta a qualidade da água do rio Vez?

O melro-de-água constrói os seus ninhos sempre próximos de rios ou ribeiros de montanha por serem menos poluídos e com águas mais transparentes e muito movimentadas, pouco profundos e rochosos. Por isso, é considerado um bom indicador da qualidade da água. Se encontrarmos um melro-de-água num rio observamos que prefere zonas como as descritas acima e a qualidade da água é, portanto, boa.

  1. Que espécies endémicas (fauna e flora) estão a expandir-se no rio Vez? 

Só um estudo de vários anos e feito com muito rigor em toda a bacia hidrográfica do Vez poderia dar uma resposta definitiva. Mas, por aquilo que observo desde que faço registos há nove anos, sempre num perímetro específico e mais na zona urbana do Vez, diria que não está a expandir-se nenhuma espécie endémica, antes pelo contrário. Devido à constante perturbação humana, com a chamada “limpeza” das margens (com remoção de quase toda a vegetação herbácea e arbustiva) e consequente perda de habitats, há espécies que deixei de ver e outras em que diminuiu a população, na zona referida. Há, no entanto, e infelizmente, espécies invasoras que estão a expandir-se, nomeadamente as hortênsias e as mimosas, o que é preocupante pois competem com as autóctones.

  1. São inúmeras as ameaças à biodiversidade: alterações climáticas, destruição de habitats, degradação do solo, atividade furtiva, falta de conservação de zonas naturais, incêndios rurais, espécies invasoras… Que espécies podem estar em risco de extinção nas próximas décadas no único Parque Nacional?

Pergunta difícil. Em princípio, todas as espécies diminuirão o seu número devido a todos os fatores que referiu. Só os incêndios ocorridos entre finais de agosto e inícios de setembro já eliminaram variadíssimas plantas e animais. Depois, as mais vulneráveis, que tenham menor capacidade de adaptação, estarão mais em risco. Se um fogo destruir um local onde as espécies vegetais já eram endémicas daquela zona, todas as outras espécies que dependiam da sua existência ficam em risco e, se houver muita especificidade, desaparecendo a planta desaparece o insecto.

  1. Ouvimos dizer a todo o momento que “a perda de biodiversidade é um dos maiores desafios deste século”. Qual a missão da escola na missão de preservar a biodiversidade?

Na minha opinião, a principal missão da escola é a de dar a conhecer aos seus alunos o funcionamento dos ecossistemas em todas as suas vertentes. Claro que esse conhecimento será transmitido gradualmente de acordo com a idade das crianças e sempre com o principal objectivo de as sensibilizar para a importância enorme que a preservação dos habitats tem para a nossa sobrevivência como humanidade.

Conhecendo a importância das plantas, de todas as espécies de animais, as interacções entre eles, o tipo de habitat de que precisam, a importância de não poluir, entre outros, conseguir-se-á um maior conhecimento da importância de preservar o ambiente e a sua biodiversidade. 

  1. Qual o papel dos cidadãos para a proteção das espécies?

[…] Só conhecendo podemos proteger e preservar. Os cidadãos devem estar atentos. Nem sempre as práticas utilizadas na Natureza visam a sua protecção. Algumas são até as primeiras a colocar em perigo a preservação da biodiversidade. Basta estar atento e vemos, infelizmente, muitos exemplos de más práticas no nosso concelho.

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