A Assembleia Municipal (AM) de Arcos de Valdevez aprovou, por maioria, com 64 votos a favor e uma abstenção (Rui Aguiam, autarca independente), a recomendação do PS que exorta o Ministério das Infraestruturas a atender a um conjunto de situações no sentido de “reforçar a segurança rodoviária no IC28”, com o intuito de combater os atuais índices de sinistralidade neste itinerário. O teor do escrito será entregue ao ministro das Infraestruturas, João Galamba; à Autoridade Nacional da Segurança Rodoviária; à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte; e à Comunidade Intermunicipal do Alto Minho.
O traçado do IC28 e os riscos agravados de acidente em certos tramos subiram a primeiro plano nos trabalhos da AM, depois de um verão particularmente acidentado, com três vítimas mortais e vários feridos. Em cima da mesa a possibilidade de, em articulação com a empresa Infraestruturas de Portugal (IP), se corrigir aquele traçado e introduzir algumas medidas de segurança que permitam evitar que se ceifem no futuro mais vidas naquela estrada.
“O IC28, que se encontra sob gestão da IP, tem formato de via rápida e possui um perfil transversal tipo de uma via por sentido, sendo o mesmo alargado para duas na zona dos nós de ligação. Infelizmente, para um itinerário que vai fazer no próximo dia 24 do mês de outubro vinte anos, o histórico de acidentes mortais é já considerável, tendo ocorrido mais três mortes no passado verão”, começou por lamentar a deputada Ana Gave.
Para a jovem médica, “sendo o IC28 (sem perfil de autoestrada) uma via estratégica e estruturante para os concelhos do Vale do Lima, a taxa de acidentes mortais e debilitantes de pessoas e bens é efetivamente muito elevada para uma infraestrutura com pouco mais de 14 km e construída já neste século. São conhecidas, por todos os arcuenses e utilizadores deste IC, as questões ligadas à pouca capacidade do pavimento para absorção da água, levando à criação de lençóis de água e consequentes despistes, isto numa região que apresenta das mais altas taxas de pluviosidade do país”, alertou a deputada de Sistelo.
Para o grupo municipal do PS, “urge a implementação de soluções que promovam a segurança rodoviária de todos os utilizadores desta via, de forma a reduzir a sinistralidade rodoviária e eliminar o risco de sinistros fatais como infelizmente têm ocorrido”.
No entendimento do maior partido da oposição, as “opções poderão passar pela colocação de separador central em toda a extensão da via, pela colocação de pinos de direcionamento de tráfego nas zonas assinaladas com dupla linha contínua, mas onde se sucedem as infrações e as ultrapassagens arriscadas, ou, em última instância, por um reforço da fiscalização rodoviária nesta via”.
Em consequência, os eleitos do PS apelam ao Ministério das Infraestruturas que “promova a implementação de soluções que reforcem a segurança rodoviária de todos os utilizadores do IC28 na totalidade da sua extensão, a fim de reduzir a sinistralidade rodoviária”.
“Subscrevo na íntegra a posição do grupo municipal do PS”
O presidente da Câmara disse “subscrever na íntegra” a posição do grupo municipal do PS e garantiu estar a “fazer diligências junto da IP e das autoridades de segurança rodoviária” para avaliar as causas da sinistralidade rodoviária e adotar as respetivas medidas cautelares no IC28.
“Tenho uma reunião aprazada com a diretora da IP onde, entre outros assuntos, terei oportunidade de suscitar a problemática da via e as questões relativas à fiscalização. São dois elementos preponderantes de prevenção e sensibilização, numa estrada que tem ceifado vidas e destroçado famílias”, vincou João Manuel Esteves.
“Há que fazer o diagnóstico das causas dos acidentes para retificar o que está mal”
O CDS também pôs o acento tónico na necessidade de aferir as razões que motivam os elevados índices de sinistralidade no IC28. “Há que fazer o diagnóstico das causas que têm provocado tantos acidentes, no sentido de retificar o que está mal e dar início a campanhas de sensibilização. Em função disso, há que tomar medidas urgentes de forma a evitar que o IC28 continue a ser palco de acidentes mortais para os utilizadores desta via. […] Há necessidade de demarcar, de uma forma bem visível, os separadores de via, através de indicadores de trânsito nos dois sentidos”, sugeriu o deputado Fernando Fonseca.
“Várias queixas sobre o piso do troço a seguir ao nó de Morilhões”
Mas não é apenas o IC28 que carece de correções de traçado, existem outras vias que reclamam uma atenção redobrada. “São várias as queixas sobre o piso da Variante a Arcos de Valdevez, no troço a seguir ao nó de Morilhões (de sul para norte) e junto ao túnel. Nota-se uma ondulação que urge corrigir, razão por que seria conveniente transmitir esta anomalia à IP”, comunicou o centrista Fernando Fonseca.
Por fim, o autarca António Maria Sousa reivindicou um “tapete novo” na Estrada Nacional 202, entre a freguesia de Souto e o Carregadouro (Jolda São Paio), instando o presidente da Câmara a “articular com a IP uma operação de partilha de custos nos moldes em que foi efetuado o arranjo de um tramo, em mau estado, da Estrada Nacional 101, a norte do concelho arcuense”.
A.F.B.