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Programas ‘Regressar’ e ‘Repovoar Arcos de Valdevez’ com impacto reduzido Emigrantes arcuenses “não trocam vida estável no estrangeiro” por um “futuro incerto”

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A Comunidade Intermunicipal do Alto Minho e a equipa do Programa ‘Regressar’ realizaram, no mês findo, em Ponte de Lima, uma sessão de esclarecimento sobre este “programa estratégico de apoio ao regresso de emigrantes”. A sessão versou sobre as “medidas de apoio disponíveis para facilitar e agilizar o retorno de emigrantes e seus familiares a Portugal”.

O Programa ‘Regressar’ oferece “um conjunto de medidas de apoio com o objetivo de promover uma reintegração mais suave e eficiente dos emigrantes no seu país de origem”. Mas, na prática, e segundo os indicadores divulgados, esta política de incentivos para um regresso às origens não está a surtir o efeito desejado. 

Acerca da medida que o Estado Central implementou há vários anos, o presidente da Câmara de Arcos de Valdevez, em reunião do executivo municipal, nos idos anos de 2017, chegou inclusive a chamar os emigrantes para as fábricas dos Arcos, numa altura em que algumas unidades estavam confrontadas com falta de mão-de-obra.  

“Temos uma imensa comunidade no estrangeiro que, eventualmente, poderá estar interessada em regressar e, felizmente, começa a haver oportunidades de emprego em Portugal”. O convite do edil – que também surgiu a propósito do programa ‘Repovoar Arcos de Valdevez’, bem como das diligências que, à época, estavam a ser desenvolvidas no estrangeiro pela Associação Empresarial de Portugal – era o corolário das necessidades detetadas localmente, sobretudo na área de “operadores fabris”, facto este que afetava, em grande escala, várias unidades dos parques empresariais, algumas das quais acabaram anos depois por encolher ou encerrar portas, consequência da crise do setor do couro.

O projeto ‘Repovoar Arcos de Valdevez’, recorde-se, foi lançado em fevereiro de 2017 com a finalidade de atrair e fixar população a partir de um programa assente em três pilares: “criação de emprego”, “captação de investimento” e “geração de rendimento”. 

 

Falta de mão-de-obra em setores-chave

Hoje como ontem, há falta de braços para trabalhar em várias atividades no concelho arcuense. “É uma questão que nos preocupa muito, não há gente para trabalhar nos Arcos e, portanto, há um desfasamento, ou, então, as pessoas não estão a ter conhecimento das situações, pelo que temos de encontrar outras soluções”, tem alertado João Manuel Esteves em várias ocasiões.

Em vários anos pouco ou nada mudou nos setores da restauração, hotelaria e construção. Devido à escassez de mão-de-obra nos Arcos (e não só) para satisfazer as necessidades sazonais daqueles ramos, o grande desafio que se coloca aos agentes que estão a trabalhar no programa ‘Repovoar Arcos de Valdevez’ é atrair o regresso de arcuenses que emigraram durante a recessão, beneficiando, porventura, do débil contexto socioeconómico que se vive em certas geografias.

“Alguns dos últimos emigrantes que foram embora [algures entre 2013 e 2014, a maioria dos quais com elevadas qualificações], se não tiverem um pai, um familiar ou alguém que os ajude, estão a viver situações muito complicadas… Uma pessoa que esteja a começar a trabalhar, em França, arrisca ganhar menos de 2 mil euros (mês), ora este dinheiro, dado o nível de vida muito caro em Paris ou Bordéus, é praticamente o mesmo do que estar a ganhar, aqui, o salário mínimo!”, comparava na altura o presidente do Município arcuense, ciente da importância de explicar aos candidatos das comunidades arcuenses no estrangeiro que “vale a pena, pelo menos, começarem a pensar que, aqui, também há algumas oportunidades”. 

 

“Voltar aos Arcos para ganhar o salário mínimo?”

Para fomentar o regresso dos jovens emigrantes aos Arcos, o Município, desde a primeira hora, pretendeu inspirar-se em modelos internacionais de repovoamento. “Como aconteceu no centro de França há alguns anos, nomeadamente em Clermont-Ferrand, é preciso dizer às pessoas, com ou sem formação, que podem vir e encontrar soluções. […] O que fizeram em Clermont foi atrair gente para as fábricas de pneus, por exemplo. É importante começarmos a ter estas preocupações também”, insiste o edil arcuense.

Mas, independentemente das boas intenções que o programa ‘Repovoar Arcos de Valdevez’ encerrava em abstrato, houve, desde logo, uma conclusão que os potenciais destinatários formularam quando a mensagem chegou às comunidades: “aspirar a ganhar o salário mínimo como empregado(a) de mesa, camareira ou operador(a) fabril não incentiva nada um retorno às origens”. 

Desde 2009 nos Estados Unidos da América, o arcuense Paulo Fernandes, com formação superior em Economia, não pensa em trocar uma “carreira lucrativa e estável” no Estado de Massachusetts por um “futuro incerto” e “logo num país como Portugal onde a meritocracia não existe”. Também José Barreira afasta qualquer hipótese de um regresso às origens. Habituado a “um bom nível de vida” em França, este emigrante de segunda geração não sabe bem “como se consegue (sobre)viver em Portugal com salários tão pequenos”.

A.F.B.

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