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Estudo de avaliação da viabilidade económica de uma central de biomassa no concelho “em fase de conclusão”

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O Município de Arcos de Valdevez está a “ultimar um estudo de avaliação acerca da produção e sustentabilidade económica e ambiental de uma central de biomassa no concelho”, cujo projeto foi adjudicado, há cerca de um ano, ao concorrente LRB – Investimentos e Consultoria, Lda., pelo valor de 59 900 euros. Apesar de a destruição crónica de milhares de hectares de floresta e de coberto vegetal reduzir a capacidade de rentabilização destes recursos (devido à proliferação de incêndios), os operadores do setor (madeireiros, proprietários florestais…) são de opinião que uma central de biomassa no concelho pode ajudar à revitalização dos setores produtivos, gerando rendimento a quem explora e faz limpeza da floresta.

Na condição de existir viabilidade económico-financeira, tornando lucrativo o preço da tonelada de restos florestais, são inúmeras as vantagens da instalação de uma central de biomassa que utiliza o vapor produzido pela combustão de materiais orgânicos para gerar eletricidade (energia termoelétrica). No conjunto de princípios da economia verde, cada vez mais em voga, “a floresta é a solução natural na necessária mudança do atual modelo de desenvolvimento para uma bioeconomia circular de baixo carbono, que atenue os efeitos das alterações climáticas, substitua os produtos de origem fóssil e crie rendimento” – segundo os peritos, “o caminho passa mesmo por recorrer a matérias-primas renováveis, biodegradáveis, recicláveis e neutras em carbono, como a madeira, para investir em centrais de biomassa”. 

À luz da legislação em vigor, há quatro exigências para a instalação de uma central de biomassa: primeira, “a proximidade de zonas críticas de risco de incêndio ou com povoamentos florestais”; segunda, “a disponibilidade de biomassa que demonstre, comprovadamente, a sustentabilidade do recurso ao longo do tempo e que contribua para promover cadeias logísticas locais de recolha e transporte da matéria-prima”, condição esta atestada em estudo a elaborar pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, em colaboração com a Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais; terceira, “a implantação da central em área afeta a uso industrial ou próxima de equipamentos coletivos que permitam o aproveitamento da energia térmica a produzir”; quarta, “a determinação da potência máxima injetável na rede em função da potência térmica a instalar (10 MW máximo por cada central)”.

 

Valor por tonelada dos sobrantes florestais

A tonelada de biomassa florestal suscetível de transformação em energia não supera os 25 euros, um valor considerado “exíguo” para quem tem de fazer todo o trabalho de recolha, carregamento, transporte e descarga no destino. “Evidentemente que esta matéria-prima também pode ser apanhada por residentes contratados permitindo a criação de postos de trabalho e, eventualmente, reduzindo os custos de limpeza florestal aos respetivos proprietários”, admitem os operadores do setor. 

Ou seja, para cumprir o plano de valorização dos recursos que existem na floresta, sobretudo na área do Parque Nacional (PN), é imprescindível remunerar melhor a limpeza florestal para que os proprietários/exploradores consigam gerar riqueza, partindo do pressuposto de que a central de biomassa iria ter uma (rentável) capacidade de produção de energia limpa dentro da área do único PN, onde, por exemplo, o volume de energia hídrica tem um impacto de 18% em relação ao total nacional.

Em tempos, o edil João Manuel Esteves referiu ser “preciso atribuir um valor económico a cada hectare de floresta e com esta remuneração [que terá de ser fixada em alta] criar-se-ia riqueza para as pessoas que fazem a limpeza na área do PN”, favorecendo, futuramente, a desejável expansão do negócio. 

Todos concordam, entretanto, que o efeito deste investimento (que se pretende reprodutivo), para lá das vantagens do ponto de vista ambiental (através da recolha de matéria florestal no PN, e não só), podia culminar na criação de uma economia de proximidade, indo transformar aquilo que, hoje, tem pouco (ou nenhum) valor em matéria-prima de excelência para alimentar uma central de biomassa, sendo certo que o desenvolvimento de novos produtos de base florestal exige grande disponibilidade de matéria-prima e investimento avultado. 

Recorde-se que o projeto-piloto aplicado ao PN – prevendo 11 medidas – consagra um lugar de destaque à recuperação/exploração dos setores produtivos que tragam rendimento para a população. Esta estratégia de intervenção florestal enquadra-se na política de prevenção e minimização dos riscos de incêndio e de diversificação da economia regional, através do aproveitamento dos recursos endógenos. 

 

Três centros de recolha de resíduos orgânicos no concelho

Enquanto se aguarda pelas conclusões do estudo de viabilidade económica em relação à possível instalação de uma central de biomassa no concelho arcuense, desde 2019 que começou a implantação no território de centros de recolha de biomassa, onde os munícipes podem depositar resíduos resultantes de podas, corte de relvas e do abate florestal. Até ao momento funcionam três centros de recolha no território arcuense: em São Jorge, nas imediações da ETA; em Padreiro Salvador, nas proximidades da zona industrial; e em Vila Fonche, num espaço contíguo ao cemitério. Este último encontra-se em local considerado “estratégico” e, por isso, “a Câmara Municipal faz aí a deposição de sobrantes”.

Sem confirmar se o futuro projeto da central de biomassa pode vir a ter alguma ligação aos cerca de vinte pontos de recolha de resíduos verdes a criar no concelho, o vereador da Proteção Civil adianta que o espaço sediado em S. Jorge “é, neste momento, o que regista maior movimento, só em 2023, já foi de lá recolhida uma tonelada de sobrantes”, estima Olegário Gonçalves. 

“Para alargar a rede, já entrámos em contacto com várias juntas de freguesia, porque precisamos de mais espaços para fazer a recolha de resíduos verdes, aguardamos que as autarquias ou os Baldios nos cedam espaços para instalarmos novos centros, só assim evitaremos o depósito de relvas e sobrantes nos contentores de lixo doméstico, cujo tratamento em aterro fica demasiado oneroso, já que os preços por tonelada são exorbitantes”, justifica o vereador da Proteção Civil. 

A.F.B.

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