Rosto pouco familiar aos alto-minhotos, apesar da bem-sucedida carreira profissional, o arcuense Nuno Augusto de Castro Azevedo Soares de Almeida, que é técnico superior principal da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte – CCDR-N (em situação de licença sem vencimento), exerce, atualmente, as funções de diretor do Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial Galiza-Norte de Portugal, isto depois de ter desempenhado funções de coadjuvação em dois Governos Constitucionais do PS, ao tempo de António Costa, primeiro como chefe do Gabinete da secretária de Estado da Indústria, Ana Teresa Lehmann, no Ministério da Economia e da Inovação, de setembro de 2017 a outubro de 2018, e, posteriormente, como adjunto do Gabinete da ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, cargo que exerceu entre novembro de 2019 e julho de 2021, e que o próprio abandonou a seu pedido.
No XXI Governo Constitucional, foi “promovido” de adjunto a chefe do Gabinete da (pela) secretária de Estado Ana Teresa Lehmann, que, quando da sua vice-presidência na CCDR-N, lidou de perto com Nuno Almeida e viu nele qualidades técnicas insuspeitas para o exercício deste lugar que, também, é de confiança pessoal.
No XXII Governo Constitucional, também Ana Abrunhosa teceu palavras de louvor ao seu adjunto no despacho de cessação de funções, assinado a 20 de julho de 2021. “Na presente ocasião, quero expressar publicamente o meu reconhecimento ao licenciado Nuno Almeida pela competência que evidenciou no desempenho das funções que lhe foram cometidas e as qualidades humanas que demonstrou, como a sua lealdade, disponibilidade, empenho e elevado sentido de responsabilidade, assim como a excelência do trabalho desenvolvido, os quais constituem aspetos relevantes que me cumpre destacar e, por isso, um motivo mais que suficiente para este reconhecimento”.
Recorde-se que foi na qualidade de chefe do Gabinete da secretária de Estado da Indústria no Ministério da Economia e da Inovação, Ana Teresa Lehmann, que, em maio de 2018, Nuno Almeida acompanhou a abertura oficial da 19.ª EXPOVEZ, onde foi apresentado em termos muito elogiosos por Francisco Araújo. “O nosso conterrâneo Nuno Almeida é um excelente e competente chefe de Gabinete”, referiu na altura o coordenador da In.Cubo, com aprovação pronta e categórica da governante que presidiu à cerimónia de inauguração do referido certame.
Licenciado em Filosofia e antigo professor do ensino secundário
Este arcuense de 63 anos licenciou-se em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, em 1984. Estudou, também, na conceituada “École des Hautes Études Internationales” de Paris, em 1998-1999. Segundo nota curricular, Nuno Almeida iniciou a sua carreira profissional, em 1985, como professor do ensino secundário nos concelhos do Porto e de Gondomar.
Finda a etapa da docência, Nuno Almeida abriu uma “longa página” na CCDR-N, onde colaborou, de 1988 a 1995, em regime de prestação de serviços em vários programas nacionais de incentivo à atividade produtiva e à cooperação económica. Mais tarde, em 1998, passou a integrar o quadro da CCDR-N na categoria de técnico superior de 2.ª classe de nomeação definitiva e, um ano depois, foi promovido à categoria de técnico superior de 1.ª classe de nomeação definitiva. Em 2007, foi nomeado na categoria de técnico superior principal.
No seu vasto currículo enquanto técnico de referência da CCDR-N, destaca-se, entre 2004 e 2007, o cargo de chefe de Projeto do Eixo n.º 3 (intervenções regionalmente desconcentradas) do Programa Operacional da Região do Norte. De 2007 a 2011 e de 2013 a 2015, chefiou a Divisão da Unidade para a Cooperação Estratégica da CCDR-N. No quadro da Eurorregião Galiza-Norte de Portugal, tão familiar à CCDR-N, foi subdiretor do Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial Galiza-Norte de Portugal em 2017.
Antes dos cargos de nomeação política que exerceu nos Governos liderados por António Costa, Nuno Almeida já contava com experiência de sobra em cargos de assessoria e coadjuvação política (ou, preferencialmente, técnica), em vários Governos Constitucionais (além do PS, também da coligação PSD-CDS). Começou nestas lides, em outubro de 1995 e até março de 1996, no XIII Governo Constitucional, como assessor do Gabinete do ministro da Economia, Daniel Bessa. Depois, ainda com António Guterres (PS) enquanto primeiro-ministro, entre julho de 2001 e abril de 2002 (XIV Governo Constitucional), foi adjunto do Gabinete do ministro da Economia, Luís Braga da Cruz.
Mais tarde, foi nomeado chefe do Gabinete do secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, Daniel Campelo (antigo edil de Ponte de Lima), tendo desempenhado este cargo de junho de 2011 a fevereiro de 2013, no XIX Governo Constitucional. No mesmo Governo (PSD-CDS), que foi presidido por Pedro Passos Coelho, Nuno Almeida exerceu, também, as funções de chefe do Gabinete do secretário de Estado da Alimentação e Investigação Agroalimentar, Nuno Vieira e Brito, este conhecido no meio pela longa experiência como docente da Escola Superior Agrária, do Instituto Politécnico de Viana do Castelo.
Lidera Agrupamento que defende “cooperação territorial entre Norte de Portugal e Galiza”
Nuno Almeida é, desde agosto de 2021, diretor do Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial Galiza-Norte de Portugal, que corporiza objetivos relacionados com a cooperação transfronteiriça, de modo a contribuir para a defesa dos interesses económicos e sociais dos trabalhadores transfronteiriços, bem como para o progresso, igualdade e justiça social na Eurorregião.
A partir destes pressupostos, as várias entidades que representam o eixo Norte de Portugal-Galiza acordaram, em outubro de 2023, estabelecer uma linha de colaboração assente em princípios como a “defesa da igualdade e justiça social”, a “promoção dos interesses dos trabalhadores transfronteiriços”, a “partilha de informações e recursos”, o “desenvolvimento de iniciativas conjuntas” e a “participação em eventos e atividades”.
O convénio é válido por dois anos, sendo automaticamente renovado ano a ano, salvo denúncia por qualquer uma das partes.
Linha ferroviária de alta velocidade “crucial” para a região
Em entrevista concedida à revista ibérica Raia Diplomática, Nuno Almeida frisou que a linha ferroviária de alta velocidade é essencial para o Norte de Portugal e para a Galiza, uma vez que “esta região concentra 47% dos movimentos transfronteiriços e 51% das mercadorias transacionadas nos 1200 km de fronteira entre os dois países. Esta evidência reclama um modo de transporte que não marginalize o território de 50,8 mil quilómetros quadrados e no qual residem 6,2 milhões de habitantes”, sustenta o diretor do Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial Galiza-Norte de Portugal.
A.F.B.