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Culto a Nossa Senhora da Peneda perdura há 804 anos

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Um dos maiores templos marianos do noroeste peninsular (e que conta já com 804 anos de culto), o santuário de Nossa Senhora da Peneda voltou a acolher muitos fiéis em romagem pelas estradas e trilhos serranos, entrecruzando-se no recinto o plano espiritual/religioso com o plano cultural. Mas a maioria dos crentes (e não crentes), proveniente de várias localidades alto-minhotas e também da Galiza, seguiu em excursões ou em viatura própria.

A fé neste lugar “mágico” vigora desde a Idade Média: começou a 5 de agosto de 1220, data a que remonta o episódio segundo o qual “Maria terá aparecido a uma criança que pastoreava o gado pedindo-lhe a construção de uma ermida em sua honra”. O dado mais tangível da devoção católica e do retiro espiritual encontra eco no monumental santuário de Nossa Senhora da Peneda, erigido entre vales de granito no decurso dos séculos XVIII e XIX, terceira versão do templo mariano localizado sob o enorme Penedo da Meadinha, cada vez mais procurado por praticantes de escalada.

Embora o culto à Virgem registe uma diminuição gradual do número de romeiros que aflui àquele lugar da Gavieira (segundo a Confraria, entre agosto de 2023 e julho de 2024, o santuário teve cerca de 50 mil visitantes) – especialmente devido à regressão demográfica, à crise da Igreja e ao “esquecimento” dos peregrinos habituais (a aposta num certo segmento turístico, de gama alta, também terá contribuído para isso) –, a verdade é que ainda há fiéis que passam os dias da novena nos albergues, agora com maiores comodidades, fazendo da Senhora da Peneda, ontem como hoje, uma das maiores peregrinações da região, que o diga o grupo de romeiros de Terras de Bouro, mesmo sem entretenimento nem música eletrónica.

Ao longo da novena, foram chegando ao santuário grupos de peregrinos, oriundos de várias localidades. Sem distinção de idade, género e estrato, todos carregam uma fé inquebrantável por Nossa Senhora da Peneda. Também há quem faça a peregrinação tão-só pela confraternização e pelo exercício, como foi o caso dos caminheiros, jovens e menos jovens, que rumaram ao santuário de Nossa Senhora da Peneda sob organização da empresa de Ricardo Ferreira dedicada ao trekking (caminhadas em espaços de natureza em estado selvagem). 

 

Frade dominicano pregador da novena

Do ponto de vista litúrgico, a atenção dos fiéis centrou-se nas eucaristias, no Hino Akathistos em honra da Virgem, nas rezas e na eucaristia da Festa da Natividade de Maria, a que presidiu o bispo da Diocese, D. João Lavrador. Ao longo da romaria, os peregrinos que foram convergindo para o santuário iam participando nas homilias e engrossando as procissões pelo imponente escadório das Virtudes com vinte capelas temáticas. Nos compassos de espera, segundo o ritual, os devotos “espalham” a fé rezando e dando voltas ao santuário, segurando na mão “amuletos” como o terço. Além do lado religioso, os fiéis aproveitam sempre para desfrutar da natureza num sítio idílico, ao mesmo tempo que meditam, repousam e rezam.

Este ano, a Confraria convidou o frei José Nunes para pregador da novena. Especialista em Teologia Pastoral, o religioso da Ordem dos Pregadores destacou as várias “facetas” de Nossa Senhora, como a fé, a caridade, a esperança, “Nossa Senhora da Eucaristia”, “Nossa Senhora do Sim” e “Nossa Senhora Mãe da Igreja”, acentuou o frade dominicano. 

De recordar que grandes dominicanos fizeram pregações neste santuário, nomeadamente São Gonçalo de Amarante, São Pedro Fernandes, mais conhecido por São Telmo, no século XIII, e o famoso Bartolomeu dos Mártires, no século XVI. 

 

Augusto Canário como nunca foi visto

Entretanto, para obviar à quebra de religiosidade e dar um novo impulso à romaria, chamando novos públicos, a Confraria da Peneda, a juntar à “roda” das concertinas (instrumentos benzidos pelo capelão César Maciel dentro do santuário, por causa da chuva), apostou novamente na componente cultural com a atuação do Rancho Folclórico Estrela do Norte de Gondoriz; a exposição “Abri os olhos e não havia nada”; e o concerto “Músicas à Senhora”, bastante concorrido, que Augusto Canário e o seu coletivo de músicos protagonizaram no grande terreiro do santuário, desfiando temas de raiz tradicional celebrizados por ícones da canção portuguesa como Zeca Afonso, Brigada Vítor Jara e Vitorino, sem excluir composições do próprio artista de Vila Nova de Anha (Viana do Castelo). 

Daqui a 12 meses, os devotos de Nossa Senhora da Peneda estarão de volta a este lugar cheio de misticismo.

A.F.B.

 

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