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Assembleia Municipal “Turismo massificado descaracteriza o território”, alerta o PS

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O estatuto de Arcos de Valdevez como “grande destino turístico” é um ás de trunfo que a bancada do PSD joga invariavelmente no período de loas às políticas do executivo, mas o PS, na Assembleia Municipal de 27 de setembro, aprofundou a questão, recuperando uma reflexão encetada há vários anos para que o “território possa dar passos seguros e no melhor dos sentidos”, por um lado, e solicitando “uma abordagem de turismo sustentável no futuro Plano Diretor Municipal (PDM)”, por outro. 

O maior partido da oposição considera o turismo “uma atividade de presente e de futuro, uma oportunidade económica para um concelho de matriz rural como o nosso. Porém, será tanto maior e melhor essa oportunidade quanto o planeamento do mesmo seja cuidado e sustentável”, defendeu Dina Mara Sousa, para quem o concelho de Arcos de Valdevez “deve salvaguardar os nossos recursos naturais e culturais”, situação que requer o “cruzamento do turismo enquanto atividade económica com a revisão do PDM e as linhas de planeamento urbanístico que queremos desenvolver e/ou preservar”.

Nesta frente, “é no PDM que temos de determinar o que queremos e o que devemos ter, designadamente formas de turismo de baixo impacto, como o ecoturismo, o turismo de natureza e o turismo cultural, que valorizem a paisagem e as tradições locais”, justificou a deputada do PS.

 

“PDM deve diluir o impacto turístico por todo o concelho”

Por outro lado, “o aumento do número de camas disponíveis e os pequenos negócios ligados ao turismo devem ser e têm sido estimulados, mas as regras que deveriam ter sido implementadas para evitar a massificação, ou o impacto negativo nas comunidades, tardam em chegar e o PDM também deve dar resposta às mesmas”, ressalvou a porta-voz do PS.

Sob esta perspetiva, “o PDM tem de adotar uma abordagem de turismo sustentável, que dê cobertura à promoção de práticas ecológicas em todas as infraestruturas de hotelaria e restauração; que promova a importância decisiva das infraestruturas que privilegiem o baixo impacto ambiental, como a utilização de energias renováveis e a gestão eficiente de resíduos. E, tendo em conta as assimetrias (e a extensão) que o nosso concelho tem, deve o PDM prever a dispersão do turismo para evitar a sobrecarga de determinadas zonas e diluir o impacto turístico por todo o concelho. Por isso, também é necessário o correto planeamento da localização das infraestruturas turísticas, evitando construções desnecessárias que prejudiquem a paisagem ou a identidade local”, observou Dina Mara Sousa. 

Assim, e para estabelecer alguma ordem, o PS defende “a implementação de uma política de licenciamento rigorosa, fundamental para garantir que as novas estruturas de oferta turística respeitam a capacidade de carga do território e são integradas harmoniosamente na paisagem”. 

“Constrangimentos” por resolver

A deputada Elsa Esteves, também do PS, exortou o executivo a “planear mais e melhor para receber bem os turistas”.

“Não vamos ‘jogar a cartada da demagogia’, pedir estacionamento para todos, recolha de lixo diário, eliminação de filas de espera nos serviços públicos ou mesmo um lugar espaçoso na praia da Valeta. Somos realistas. Existem limitações efetivas, mas não nos podemos esconder atrás das mesmas sistematicamente, isto se quisermos […] ampliar a atividade turística. Algo terá de mudar, algo terá de ser feito”, reforçou a eleita do Couto. 

“Continuamos, ano após ano, sem resolução para as autocaravanas que continuam a concentrar-se nas margens do rio. É algo que tem, efetivamente, de mudar. […] Um concelho que se quer vocacionado para o turismo não pode iniciar uma época balnear a 1 de julho e terminar a 31 de agosto. Felizmente, temos afluência ao rio Vez que justifica o alargamento da vigilância. As Festas Concelhias, pela sua duração, colocam desafios que não devem ser menosprezados. Temos de dar condições para que se mantenham sem causarem tantos constrangimentos”, alertou.

Segundo Elsa Esteves, “estes desafios não podem ser vistos como problemas, porque não é desta forma que os encaramos, mas se não formos capazes de planear – em conjunto – formas de melhorar a resposta para os superar, acreditamos que se tornem, a muito curto prazo, enormes problemas para o concelho”. 

A.F.B.

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